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Opinião: A Noite das Bruxas (2023)

O terceiro filme da franquia de Kenneth Branagh como o detetive Hercule Poirot aposta em uma história menos conhecida de Agatha Christie, o livro “A Noite das Bruxas” publicado originalmente em 1969, e coloca Poirot em Veneza para um caso de assassinato que envolve espíritos.

As obras de Agatha Christie são aqueles ótimos exemplares de mistério criminal que favorecem uma leitura rápida, envolvente e intrigante e que cumpre bem seu propósito sem requerer tanta complexidade. Suas obras já foram adaptadas inúmeras vezes ao longo dos anos tanto para cinema, TV e outras mídias, e Christie é um dos grandes nomes deste estilo de literatura que também carrega outros nomes de peso como, por exemplo, Arthur Conan Doyle e seu Sherlock Holmes.

As recentes adaptações dirigidas e estreladas por Branagh entendem bem a dinâmica do material original e toda a estrutura clássica de uma história de assassinato com seus respectivos suspeitos e um detetive sagaz e perspicaz que irá solucionar o caso. A aposta em um elenco de estrelas é uma tradição antiga e que sempre ajuda a trazer maior visibilidade e interesse do público para com a obra.

Aqui em “A Noite das Bruxas” temos uma trama que flerta com o sobrenatural e brinca com a crença de Poirot se de fato tais coisas existem, mas como sempre as respostas são muito mais lógicas no final, ficamos a todo instante buscando entender qual é o truque por trás de cada ação, e claro, quem é o verdadeiro assassino.

Diferente de “Assassinato no Expresso do Oriente” (2017) e “Morte no Nilo” (2022), onde Branagh adaptou histórias já populares de Christie e abraça um tom mais aventureiro, aqui em “A Noite das Bruxas” ele aposta em um trabalho de câmera mais charmoso e cuidadoso que abraça o cinema clássico de terror. E mais uma vez, além da história principal, temos um pequeno desenvolvimento de Poirot como pessoa, e que aqui reflete em uma decisão pessoal de encarar os próprios medos e abraçar o retorno ao uso de seus talentos. E também como de costume, o visual criado para o Poirot de Branagh continua sendo, em minha opinião, o melhor até hoje.

Simples e formulaico, mas divertido e fiel à essência das obras de Agatha Christie, “A Noite das Bruxas” mantém o interesse por mais Kenneth Branagh de Hercule Poirot.

A Haunting in Venice/EUA – 2023

Dirigido por: Kenneth Branagh

Com: Kenneth Branagh, Tina Fey, Michelle Yeoh, Jude Hill, Kelly Reilly…

Sinopse: Baseado no livro “A Noite das Bruxas” de Agatha Christie, Hercule Poirot (Kenneth Branagh) volta para mais um mistério na cidade mais bonita do mundo: Veneza. Em uma festa de Halloween na casa de Rowena Drake em Woodleigh Common, Joyce Reynolds, de treze anos, diz a todos os presentes que ela já viu um assassinato, mas não percebeu que era um até mais tarde. Quando a festa termina, Joyce é encontrada morta, afogada em uma banheira usada para a brincadeira de pegar maças com a boca. Ariadne Oliver, participando da festa enquanto visitava sua amiga Judith Butler, chama Hercule Poirot para investigar o assassinato e a alegação de Joyce. É então que ele percebe um padrão em Woodleigh Common, aonde pessoas acabam sumindo ou morrendo. Elas são: A tia de Rowena, Sra. Llewellyn-Smythe, morreu subitamente; sua au pair Olga Seminoff desapareceu; Leslie Ferrier, escriturária de um advogado, foi esfaqueada nas costas por um agressor desconhecido; Charlotte Benfield, uma vendedora de loja de dezesseis anos, foi encontrada morta com vários ferimentos na cabeça; e Janet White, professora da Elms School, foi estrangulada até a morte.

(Foto: 20th Century Studios)
Posted in Drama

Indicação: ‘Filadélfia’ (1993) com Tom Hanks e Denzel Washington

“Filadélfia” atualmente pode não causar o mesmo impacto devido ao fato de a Aids ser uma enfermidade com possibilidades de maior tratamento que ajudam as pessoas a viverem com melhor qualidade de vida. Mas lá atrás na década de 80 para 90, Aids não era apenas um monstro assustador para o público geral, mas também era uma doença que carregava enorme preconceito por ser relacionada aos gays. E até então, Hollywood nunca tinha tratado o assunto com tamanha ênfase como “Filadélfia” fez bravamente em 1993.

Dirigido por Jonathan Demme (de “O Silêncio dos Inocentes”), o longa conta a história real de Andrew Beckett (Tom Hanks), um promissor advogado que trabalha para um tradicional escritório da Filadélfia que está no auge de sua carreira. No entanto, após descobrirem que ele é portador do vírus HIV, Andrew é demitido da empresa sem muitas cerimônias. Portanto, ele resolve contratar os serviços de Joe Miller (Denzel Washington) para lhe ajudar a conseguir justiça pelos danos morais sofridos. Miller é um advogado negro cheio de homofobia mas que é convencido a aceitar o caso por um senso de justiça de sua profissão.

“Filadélfia” pode não ter o mesmo impacto histórico hoje do que anos atrás quando foi lançado lá no inicio dos anos 90, porém, ainda continua um excelente drama de tribunal que entrega atuações poderosas de seu elenco e lida com temas tão humanos que o grande trunfo é justamente nos fazer questionar nossos preconceitos, e nos colocar no lugar do outro.

Se na história o principal assunto é a Aids, podemos também substituir o tema e utilizar o cenário para imaginar outras situações hipotéticas envolvendo pessoas prejudicadas por preconceitos sociais. Miller ser um advogado negro é um paradoxo interessante, e o roteiro é certeiro por conseguir nos fazer questionar o nosso valor como ser humano, e através da jornada de amadurecimento do personagem de Washington, começamos a refletir sobre nossos próprios comportamentos.

Com atuações excepcionais de Denzel Washington e Tom Hanks – este último ganhou seu primeiro Oscar de Melhor Ator pelo trabalho -, “Filadélfia” ainda se mantém um drama profundo e importante.

Philadelphia/EUA – 1993

Dirigido por: Jonathan Demme

Com: Tom Hanks, Denzel Washington, Antonio Banderas, Roberta Maxwell…

Sinopse: Andrew Beckett (Tom Hanks) é um promissor advogado que trabalha para um tradicional escritório da Filadélfia. Após descobrirem que ele é portador do vírus da AIDS, Andrew é demitido da empresa. Ele contrata os serviços de Joe Miller (Denzel Washington), um advogado negro que é homofóbico. Durante o julgamento, este homem é forçado a encarar seus próprios medos e preconceitos.

(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)
Posted in Comédia

Indicação: ‘Todo Poderoso’ (2003) com Jim Carrey

Jim Carrey é um gênio da comédia. Fato! E é também um excelente ator dramático que consegue tornar cada um de seus personagens – até mesmo os cômicos – em figuras por vezes trágicas e em sua grande maioria relacionáveis. “Todo Poderoso” não é a comédia onde Jim Carey extrapola o uso de seus caretas e fisicalidade, mas os utiliza de forma dosada para contar uma história muito mais profunda e emocional do que possa parecer.

Na trama, Bruce Nolan (Carrey) é um jornalista gente boa mas cheio de orgulho que almeja se tornar o âncora número 1 da emissora onde trabalha, porém, sempre acaba com as matérias engraçadas para divertir o público. Sua obsessão pelo reconhecimento o faz reclamar constantemente de Deus e duvidar de seu poder, mas tudo muda quando o próprio Criador aparece e lhe entrega os seus poderes tornando Bruce o ser mais poderoso de sua cidade Búfalo, no estado de New York, e responsável não apenas por sua vida, mas também pelos moradores de sua cidade.

Já ouvi pessoas religiosas julgarem o filme sem nunca tê-lo assistido. Dizem que o longa zomba de Deus e brinca com Sua palavra, mas estas pessoas não poderiam estar mais enganadas. Aliás, aprende-se muito mais sobre fé e milagre com “Todo Poderoso” do que com muitas produções religiosas e mal feitas por aí. Por detrás do humor, a mensagem do filme é justamente mostrar que Deus sabe a hora certa de tudo e que se todas as pessoas recebessem SIM para tudo, o mundo seria um caos sem fim. Bruce aprende o valor da responsabilidade de lidar com vidas, e aprende que se ele deseja receber milagres ,o primeiro passo é começar a ser um milagre. É começar com pequenas atitudes diárias que irão aos poucos transformar sua vida e todos ao seu redor.

No terceiro ato o longa perde um pouco a inspiração cômica e abraça totalmente o lado motivacional, mas se falta melhor uso dos talentos cômicos de Carrey nesta parte, o longa compensa justamente por entregar mensagens poderosas e memoráveis. “Todo Poderoso” é um filme importante para mim por isso. A primeira metade é divertidíssima, mas é do meio para o final que o longa mostra seu valor e como sua história vai muito além do que aparenta. Um filmaço que amo e revejo ao menos uma vez por ano!

Bruce Almighty/EUA – 2003

Dirigido por: Tom Shadyac

Com: Jim Carrey, Jennifer Aniston, Morgan Freeman, Steve Carell…

Sinopse: Bruce Nolan (Jim Carrey) é um jornalista que tem um bom emprego na TV e uma bela namorada, Grace (Jennifer Aniston). Num acesso de fúria ele começa a xingar e questionar Deus e seu modo de fazer tudo funcionar, o que faz com que ele próprio (Morgan Freeman) resolva descer à Terra como um homem comum e lhe entregar o poder de comandar o planeta da forma como desejar durante um dia. É quando Bruce percebe o quão difícil é ser Deus e tomar conta de tudo o que ocorre no planeta.

(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)
Posted in Drama

Indicação: ‘O Informante’ (1999) com Al Pacino e Russell Crowe

Com direção de Michael Mann (o mesmo do excepcional “Fogo Contra Fogo”), “O Informante” conta a história real do ex-vice-presidente da tabagista Brown & Williamson, Jeffrey Wigand (Russell Crowe)e do produtor do programa 60 Minutes, Lowell Bergman (Al Pacino), que convenceu Wigand a falar em público sobre como a empresa aplicava aditivos ao cigarro para torná-los mais viciantes ao público.

Existem determinados filmes que são naturalmente marcantes e importantes devido à importância de sua narrativa, e como também lembrete ficcional de um acontecimento importante em nossa sociedade. Mas apenas ter um ótimo material em mãos não torna um filme excelente. Para isso, é necessário o talento de seus realizadores em condensar a trama e contá-la de maneira que seja ao mesmo tempo impactante, mas também sentimentalmente relevante para o público.

Diante disso, “O Informante” é um desses trabalhos onde todas as peças se encaixam e o resultado é ao mesmo tempo um filmaço de conteúdo relevante, mas também um thriller/drama sobre escolhas e verdade que nos coloca diante de uma jornada angustiante na vida destes dois personagens lutando contra um conglomerado poderoso e sujo.

Indicado a 7 Oscars – incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator para Russell Crowe -, “O Informante” ainda permanece uma obra essencial que nos ensina sobre a difícil tarefa de expor a verdade para a sociedade, mas também em usar o jornalismo como o caminho para chegar em tal verdade – bem como sua luta contra o lado corporativo da coisa. Outro filmaço de Michael Mann com duas lendas vivas do cinema em plena forma. Recomendado!

The Insider/EUA – 1999

Dirigido por: Michael Mann

Com: Al Pacino, Russell Crowe, Christopher Plummer, Diane Venora, Brunce McGill…

Sinopse: Com direção de Michael Mann (o mesmo do excepcional “Fogo Contra Fogo”), “O Informante” conta a história real do ex-vice-presidente da tabagista Brown & Williamson, Jeffrey Wigand (Russell Crowe, e do produtor do programa 60 Minutes, Lowell Bergman (Al Pacino), que convenceu Wigand a falar em público sobre como a empresa aplicava aditivos ao cigarro para torná-los mais viciantes ao público. Um thriller tenso e empolgante do início ao fim.

(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)
Posted in Ação

Indicação: ‘Colateral’ (2004), com Tom Cruise e Jamie Foxx

Dirigido por Michael Mann, o mesmo diretor de filmaços como “Fogo Contra Fogo” (1995), “O Informante” (1999) e “Inimigos Públicos” (2011), dirige aqui outro trabalho memorável de suspense e ação onde o roteiro pega uma situação aparentemente corriqueira (um sujeito entra no táxi e pede para levá-lo em determinado lugar) e a transforma em uma corrida pela sobrevivência em um filme policial que foge dos clichês do gênero para também entregar um estudo de personagem essencial para nossa identificação. 

Em meio a tudo isso, Mann muda as expectativas ao escalar Tom Cruise – geralmente o mocinho – para encarnar o vilão da história: um assassinato de aluguel frio, e até simpático, chamado Vincent. Em contrapartida, temos o estupendo Jamie Foxx (indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo papel) como Max, o motorista do táxi com bom coração e cheio de planos na vida. 

O longa se passa todo durante uma noite em Los Angeles e a teia de acontecimentos, ao mesmo tempo em que nos deixa atônitos e sem fôlego no sofá, foge dos exageros e se sustenta essencialmente na tensão e imprevisibilidade de seu desenrolar. Um filmaço que merece ser mais lembrado!

Collateral/EUA – 2004

Dirigido por: Michael Mann

Com: Tom Cruise, Jamie Foxx, Jada Pinkett Smith, Mark Ruffalo…

Sinopse: Max (Jamie Foxx) trabalha como motorista de táxi há 12 anos, já tendo levado os mais diversos passageiros a todos os locais de Los Angeles. Porém, em uma noite aparentemente tranquila, ele encontra Vincent (Tom Cruise), um homem que pega o táxi como se fosse um passageiro qualquer. Porém Vincent é um assassino de aluguel, que está na cidade para completar o plano de um cartel do narcotráfico, que está prestes a ser condenado por um júri federal. Vincent precisa matar 5 testemunhas-chave do processo e conta com Max para fugir da polícia local e do FBI, logo após cometer os assassinatos. Obrigado a seguir as ordens de Vincent, Max precisa ainda lidar com a possibilidade de ser morto por seu passageiro a qualquer momento, já que Vincent pode usá-lo para proteção pessoal.

(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)
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