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Opinião: A ESCAVAÇÃO (The Dig) | Netflix

“A Escavação” – já disponível na Netflix e estrelado por Ralph Fiennes e Carey Mulligan – é baseado numa história real que se passa em 1938 e acompanha um arqueólogo (Finnes) que é contratado por uma moça rica (Mulligan) para escavar um terreno em sua residência. Durante o serviço, um navio é descoberto com certa quantidade de ouro e objetos em seu interior. O feito trouxe outros arqueólogos ao local, e foi importante para estudar e entender a cultura de um povo antigo.

Dirigido por Simon Stone (“A Filha”), “A Escavação” fala de descoberta ao mesmo tempo que lida com questões dramáticas como vida e morte, futuro e passado, e como temas tão contrastantes se relacionam ao longo de nossa curta vida. O passado como fonte para entender o presente, e rotineiramente material de análise para os profissionais da história e arqueologia (como no filme), e o futuro com a morte eminente a qualquer momento seja por uma doença ou pela guerra – que se aproxima.

“A Escavação” é um filme delicado. Um drama visualmente belo e encenado por atores excelentes. Mas é uma obra que carece de maior emoção. Narrativamente insosso, o filme falta explorar com maior engajamento os feitos apresentados e em levar o expectador à uma jornada memorável de descobertas.

Outro problema é o foco em subtramas demais. O roteiro perde tempo com situações nada importantes como, por exemplo: os personagens de Lily James e Ben Chaplin. Ambos amam arqueologia mas formam um casal frio, cujo casamento não desperta muito interesse da parte dele justamente por sua preferência ser homens. Daí entra o irmão da personagem de Mulligan na história para fazer par com Lily James. Não precisava, não empolga e não desperta interesse.

Enfim, apesar do belo visual e a produção, “A Escavação” é um drama problemático, que carece de maior emoção e foco. Uma história considerada tão importante para a arqueologia necessitava de um ritmo mais ligeiro, emocionante e envolvente. Precisava de um Steven Spielberg, podemos dizer.

The Dig/REINO UNIDO – 2021]

Dirigido por: Simon Stone

Com: Ralph Fiennes, Carey Mulligan, Lily James…

Sinopse: A Escavação conta a história de um arqueólogo que embarca na escavação historicamente importante de Sutton Hoo, em 1938, onde um grupo descobre uma grande quantia de ouro em uma câmara mortuária de um navio enterrado. Baseado no livro de mesmo nome de John Preston e em uma história real.

The Dig Movie Poster - IMP Awards
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Opinião: ABAIXO DE ZERO (Bajocero) | Netflix

“Abaixo de Zero” – que estrou na Netflix – é um filme bem simples de entender. Na trama, um grupo de presos está sendo transferido de uma cadeia a outra, e durante o percurso o caminhão é atacado por um sujeito misterioso que tem interesse em um dos detentos ali dentro. Ponto final. É isso.

Dirigido por Lluís Guílez e estrelado pelo sempre competente Javier Gutierrez, este filme espanhol é um suspense/ação de situação. Algo acontece e o filme trabalha toda a tensão e ritmo em torno disso. Ao longo da história os mistérios e intenções vão sendo revelados, e por fim, a vingança é o resultado habitual.

Transferir presos durante a madrugada e por um caminho completamente sem iluminação e cercado por uma mata, é um decisão um tanto quanto arriscada e pouco inteligente. Mas deixando isso de lado e focando no resultado do suspense, “Abaixo de Zero” é competente e eficiente durante suas quase 2h de duração. Principalmente no início quando o mistério permeia e o diretor precisa construir a tensão em um único cenário.

Ao final, questões como justiça com as próprias mãos, e até onde o sistema é justo para julgar e condenar, estão intrínsecos na trama. Temas como princípios, justiça, vingança e verdade são embalados com muito ritmo. Um resultado compensatório e envolvente. Recomendado!

Bajocero/ESPANHA – 2021

Dirigido por: Lluís Guílez

Com: Javier Gutiérrez, Àlex Monner, Karra Elejalde…

Sinopse: Numa estrada deserta durante a noite uma van blindada é atacada durante a transferência de prisioneiros. Alguém está procurando por um dos prisioneiros e não vai parar até encontrar. Seu plano não tem fissuras, ele não se importa com as consequências. Mas Martin, o motorista da van, fica entrincheirado no cubículo blindado com os internos, se tornando seu único obstáculo. Martin tentará sobreviver e cumprir seu dever em uma longa noite de pesadelo, que acabará fazendo com que ele questione todos os seus princípios.

Abaixo de Zero': Novo thriller policial já está disponível na Netflix |  CinePOP
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Opinião: O SOM DO SILÊNCIO (Sound of Metal) | Amazon Prime

“O Som do Silêncio” é um filme sobre recomeços. Sobre parar, analisar a situação e bater de frente com o orgulho, e o inevitável, para se readaptar.

Na história somos apresentados a Ruben, um jovem que é baterista de uma banda de rock metal ao lado da namorada (vocalista) que descobre estar ficando gradualmente surdo. Sem rumo e preocupado, já que música é a sua paixão e profissão, Ruben é convencido pela namorada a entrar numa comunidade de surdos para aprender a lidar com a nova realidade.

Imagine você em sua idade adulta, jovem, nasceu sem nenhum tipo de deficiência, está ansioso para colocar em prática os planos e sonhos da vida, mas repentinamente se depara com a perda da audição. Seja dela ou, talvez, da fala, visão ou de uma perna ou braço, por exemplo. Seu mundo muda completamente e a sua realidade terá que ser totalmente refeita para se adequar aos padrões do atual momento.

“O Som do Silêncio” é um filme sobre recomeçar. Refazer. Sair forçadamente da zona de conforto e reaprender a lidar com uma nova realidade. Dirigido por Darius Marder com uma sensibilidade notória, o longa é um drama que nos joga na intensidade do problema sem receio em nos colocar na mesma condição do protagonista. A maneira como Marder escolhe trabalhar o som – principalmente para mostrar a audição de Ruben – é uma ferramenta sonora que combinada com o visual resultam numa experiência desconcertante e desesperadora.

Junto à isso, a atuação do excepcional Riz Ahmed é uma força da natureza que capta cada detalhe e sentimento de desespero, perda e novidade do protagonista. Uma atuação que excede a tela e transborda em alma e emoção. Caso não seja indicado ao Oscar de Melhor Ator este ano será, no mínimo, uma atrocidade.

“O Som do Silêncio” já está disponível no streaming Amazon Prime Video. Assista! Recomendado!

Sound of Metal/EUA – 2020

Dirigido por: Darius Marder

Com: Riz Ahmed, Olivia Cooke, Paul Raci…

Sinopse: Em Sound of Metal, um jovem baterista teme por seu futuro quando percebe que está gradualmente ficando surdo. Duas paixões estão em jogo: a música e sua namorada, que é integrante da mesma banda de heavy metal que o rapaz. Essa mudança drástica acarreta em muita tensão e angústia na vida do baterista, atormentado lentamente pelo silêncio.

Sound of Metal: Los sonidos del silencio : Cinescopia

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Opinião: TIO FRANK (Uncle Frank) | Amazon Prime

O ano é 1973. Beth deixa sua cidade natal e família conservadora para estudar na Universidade de New York. Lá, ela tem um tio chamado Frank (Paul Bettany), que é um renomado professor de literatura. Certo dia, ela descobre que seu tio é gay e há dez anos mora com o companheiro Wally – mas nunca contou nada para a família. Quando Frank recebe a notícia do falecimento do pai, ele retorna para a cidadezinha onde cresceu para participar do enterro. O reencontro revive traumas do passado e Frank terá que enfrentar a difícil tarefa de revelar – ou não – para sua mãe e irmãos quem ele realmente é.

“Tio Frank” é um drama sobre aceitação. O medo dela e a necessidade dela para a resolução de sentimentos comprimidos e mal resolvidos ao longo da vida. Com sutileza, o diretor Alan Ball (que estreia aqui em seu primeiro longa-metragem) cria inicialmente um road movie e depois um drama familiar interiorano com uma história comum à centenas de pessoas. O conservadorismo, incitado pela religião, leva muitos a tratar quem age, ou pensa diferente, com desdém e preconceito. Podemos não concordar com o comportamento de alguém, mas nunca isso deve sobrepor o respeito, e amor, para com a pessoa.

O filme equilibradamente apresenta estas questões, intercala o passado de Frank com o presente e desenvolve os conflitos, e angústias, que levaram o personagem a ter problemas com alcoolismo. Paul Bettany é a força do longa. Sua atuação é recheada de detalhes e pequenos gestos que tornam Frank um sujeito carismático, sim, mas com olhar distante, pesado, que nitidamente está carregando pesos de relações conturbadas – principalmente com o pai.

Disponível no Amazon Prime Video, “Tio Frank” é um tocante e profundo drama que ressalta o valor e importância de nunca abandonar quem se ama, independente de sua escolha sexual ou religiosa. Amor vai além de rótulos, rótulos estes que tem levado a humanidade a se distanciar das verdadeiras lições ensinadas por Jesus Cristo. Infelizmente.

Uncle Frank/EUA – 2020

Dirigido por: Alan Ball

Com: Paul Bettany, Sophia Lillis, Peter MacDissi…

Sinopse: Em Tio Frank, em 1973, a adolescente Beth Bledsoe (Sophia Lillis) deixa sua cidade natal na zona rural do sul dos Estados Unidos para estudar na Universidade de Nova York, onde seu amado tio Frank (Paul Bettany) é um reverenciado professor de literatura. Ela logo descobre que Frank é gay e mora com seu parceiro de longa data, escondendo o fato por anos. Após a morte repentina do pai, Frank é forçado a voltar para casa de sua infância, com relutância, para o funeral, e finalmente enfrentar um trauma do qual ele passou toda a sua vida adulta fugindo.

Uncle Frank" and "Priest" » Blackmoor Vituperative
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Opinião: SOMEBODY FEED PHIL | Netflix

Phil Rosenthal é mais conhecido como produtor de televisão. É um dos criadores da série “Everybody Loves Raymond” – que fez mais sucesso nos EUA do que aqui, e é bastante querida e conhecida por lá. Mas agora, Phil resolve dar as caras nesta série documental onde ele viaja o mundo mostrando a culinária de cidades famosas, e claro, comendo e se divertindo ao longo do caminho.

Disponível na Netflix e já com quatro temporadas, “Somebody Feed Phil” (Alguém Alimente o Phil) é o meu novo vício. É um tipo de série ótima para assistir comendo – seja no almoço, lanche ou janta – e Phil não apenas introduz a culinária de cada local, como aproveita para mostrar pontos turísticos muitas vezes desconhecidos do grande público.

Como Phil Rosenthal não é cozinheiro nem crítico culinário, mas simplesmente um sujeito apaixonado por comida, ser um consumidor comum como nós ajuda bastante na identificação e em compartilhar com Phil o fascínio da descoberta.

Acompanhado sempre por profissionais da área ao longo da viagem em cada país, minha única ressalva com o show são as hipérboles de Phil em todos os episódios. O uso de frases como “Essa é a melhor comida que já comi em toda a minha vida!” são usadas com frequência, e caso o seriado seja assistido em ritmo de maratona pode causar certa estranheza.

Mas “Somebody Feed Phil” é uma excelente série de viagem que ajuda bastante na elaboração do nosso próprio roteiro. Além de apresentar a culinária de cidades pouco conhecidas por sua culinária, e lugares inusitados que valem a visita, é justamente a personalidade e carisma de Phil Rosenthal que faz o seriado ser um excelente, e divertido, programa informativo e de entretenimento. Inclusive na quarta temporada o primeiro episódio se passa no Rio de Janeiro.

Somebody Feed Phil/EUA – NETFLIX

Com: Phil Rosenthal

Ano: 2018-hoje

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Opinião: VIVER DUAS VEZES (Vivir dos veces) | Netflix

Emílio é um gênio da matemática, é professor conceituado de uma universidade renomada da Espanha e foi o descobridor de um número primo. Atualmente está aposentando, viúvo, mora sozinho e vive uma vida rotineira. Adora comer sempre no mesmo local, ficar em casa lendo, fazer o sudoku no jornal (o que chama de quadrado mágico), mas, certo dia, durante um exame de rotina, ele é diagnosticado com Alzheimer. A doença ainda está no primeiro estágio, mas Emilio não quer perder tempo e decide fazer uma viagem para reencontrar o grande amor da infância, chamada Margarita, antes que ele esqueça completamente de quem ela é.

Comédia espanhola dirigida por Maria Ripoll e estrelada pelo excelente veterano Oscar Martinez, o filme é pura leveza e um passatempo gostoso, sutilmente tocante e com uma história sobre aprender a valorizar nossos momentos e quem está ao nosso lado.

Minha ressalva fica unicamente para a última cena onde roteiro se entrega à tentação de entregar ao público o que ele tanto quer. Poderia ter finalizado antes quando a emoção já estava forte e Emilio descobre que a vida é inevitável, e as pessoas envelhecem – inclusive, antigos amores.

Fora isso, “Viver Duas Vezes” é singelo e divertido. Uma comédia dramática que fala sobre amar, respeitar e, principalmente, nunca esquecer de quem se ama. Aproveite cada momento e viva cada momento. Nunca sabemos o que a vida reserva para o amanhã.

Vivir dos veces/ESPANHA – 2019

Dirigido por: Maria Ripoll

Com: Oscar Martinez, Imma Cuesta, Antonio Valero…

Sinopse: Viver Duas Vezes se passa em uma cidade de Valência, leste da Espanha, acompanhando um professor acadêmico aposentado e viúvo há cinco anos, chamado Emílio. Tudo estava indo bem na sua rotina de comer no mesmo bar e resolver quadrados mágicos como forma de passatempo, até que um dia ele se confundiu a ruas na volta para casa. Em seu exame médico de rotina, ele é diagnosticado com o primeiro estágio da doença de Alzheimer e, ao sair do local, acaba encontrando com Julia, sua filha abandonada, que trabalha como comercial médica. Ao perceber a doença, Julia convida Emílio para um almoço em família nada funcional. A partir dessa conversa em família, Emílio decide aproveitar seus últimos momentos de memória para reencontrar seu amor do passado.

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Opinião: O TIGRE BRANCO (The White Tiger) | Netflix

Tem filmes tão cansativos e desinteressantes que acabamos dando uma escapada e olhando as horas no celular, ou respondendo alguma mensagem no whats app. Mas há filmes que não te deixa escapar. Pelo contrário! Te deixa ansioso por querer saber o final, e cada segundo, cada minuto de duração é uma experiência visceral, angustiante e desesperadora. Principalmente com relação a obras que lidam com violência, crimes, etc.

“O Tigre Branco” – já disponível na Netflix – é uma coprodução entre os Estados Unidos e a Índia, adaptado do best-seller homônimo escrito por Aravind Adiga, dirigido por Ramin Bahrani e estrelado por um garoto sensacional chamado Adarsh Gourav.

O filme se passa na Índia e acompanha Balram (Gourav), um garoto de casta pobre que sonha em sair da aldeia onde mora e conseguir uma vida melhor servindo à um senhor na cidade grande. Ele vira motorista de uma família rica e é designado como chauffeur particular do filho mais novo, chamado Ashok (Rajkummar Rao). Tudo muda após o atropelamento de uma criança causado pela esposa de Ashok, Pink Madam (Priyanka Chopra), e a família faz com que Balram assine uma confissão de que foi o ele o responsável pelo acidente.

Inúmeros filmes já exploraram a máfia das ruas indianas, a injusta separação de classes no país e como o descaso com as castas menores é notória e bem presente na região. Descaso que vêm desde o governo e que reflete em um país com famílias favorecidas que vivem no luxo, e o resto da população sobrevivendo em meio a cidades imundas, fétidas e de ambiente opressor.

“O Tigre Branco” é o “Cidade de Deus” da Índia. Uma obra realizada com pulso firme, fervor e inspiração pelo diretor Ramin Bahrani. Uma história que nos leva numa jornada de transformação radical do oprimido ao opressor. Um grito de revolta e vingança de um personagem que se cansa da falsa moralidade dos ricos e da falta de respeito com que estes usam os menos favorecidos ao bel prazer.

E o que falar da revelação que é Adarsh Gourav como o protagonista Balram? Da mesma maneira que “Quem Quer Ser Um Milionário?” foi um divisor de águas para o talentoso Dev Patel, “O Tigre Branco” faz o mesmo para Gourav. Sua transformação de um sujeito sonhador, humilde e inocente para alguém corroído por uma sociedade vil e corrupta, é um desses trabalhos memoráveis que dificilmente será esquecido. Ele não estar presente nas listas de apostas para as premiações deste ano é um pecado.

Disponível na Netflix, “O Tigre Branco” vale cada minuto investido. Uma obra marcante que merece – e precisa – ser assistida. Recomendado!

The White Tiger/EUA, ÍNDIA – 2021

Dirigido por: Ramin Bahrani

Com: Adarsh Gourav, Priyanka Chopra, Rajkummar Rao…

Sinopse: Baseado no best-seller do New York Times, O Tigre Branco conta a história de um ambicioso motorista indiano que usa toda a sua astúcia e sagacidade para escapar da pobreza e se libertar de sua vida de servidão a patrões ricos.

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Opinião: O GRANDE IVAN (The One and Only Ivan) | Disney+

Baseado na história real do gorila Ivan que foi resgatado quando filhote e criado por uma família – de acordo com o filme – que o amou muito, e depois, quando maior, foi levado para um circo de shopping onde era a atração principal. Ivan passou 27 anos no local até o transferirem para um zoológico gigante com espaço para conviver com outros animais, e correr à vontade pela mata.

Angelina Jolie é uma das produtoras deste filme, e também dá voz no original à elefanta Stella. Aliás, o elenco de vozes é composto por atores de renome como Sam Rockwell, Danny DeVito, Helen Mirren e outros. Enquanto no elenco live-action o nome mais conhecido é Bryan Cranston (“Breaking Bad“) – como o dono do circo.

“O Grande Ivan” é um típico filme Disney. É leve, cheio de mensagens positivas e sentimentalismo. Um habitual “filme live-action de animal da Disney para se assistir com a família”. É simplório, previsível, e quando bem dirigido cada um destes elementos citados acima trabalham à favor do longa. Quando não, pode gerar filmes forçados e exageradamente bobos. Não é porque é infantil, que precisa ser imbecil.

“O Grande Ivan” é um saldo positivo. Um filme cheio de coração que não exagera no sentimentalismo, possui efeitos especiais decentes e uma história que aproveita bem as nuances mais tocantes da trajetória de Ivan com os outros animais do circo.

A mensagem sobre animais viverem em um ambiente natural com espaço e outros bichos é válida, e importante, além de não soar artificial nem panfletária. E o roteiro me surpreendeu por seguir caminhos, e desfechos, mais sóbrios e pé no chão – sem precisar daquela necessidade de criar sequências grandiloquentes, um vilão caricato ou reviravoltas forçadas que pouco soam verossímeis. Nada disso! O filme não tem vilões e o desfecho segue um caminho tocante por ser simples, e real. Você acredita nos personagens e em suas relações, e isso é importantíssimo para o êxito do texto.

“O Grande Ivan” já foi lançado no Disney+ e você pode se divertir agora, e se emocionar, com um ótimo “filme live-action de animal da Disney para se assistir com a família”. Recomendado!

The One and Only Ivan/EUA – 2021

Dirigido por: Thea Sharrock

Com: Bryan Cranston, Ariana Greenblatt, Owain Arthur…

Sinopse: Em O Grande Ivan, um gorila muito especial chamado Ivan sofre por não saber sobre o seu próprio passado. Com a ajuda de sua amiga Stela, uma elefante, eles vão atrás de pistas para desvendar os mistérios relacionados à vida passada de Ivan e planejam uma fuga do cativeiro em que vivem. 

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Opinião: PINÓQUIO (2021)

“Pinóquio” é outra dessas histórias clássicas que sempre serão adaptadas ao longo dos anos – a versão mais conhecida continua sendo, claro, a do desenho de 1940 da Disney que, inclusive, está produzindo a sua versão live-action da história e terá Tom Hanks como Gepeto e Robert Zemeckis (“De Volta para o Futuro”) como diretor.

Mas este “Pinóquio” que chega aos cinemas brasileiros neste início de 2021 é uma produção italiana de 2019 com Robert Benigni na pele do carpinteiro que esculpe um menino de madeira e este magicamente ganha vida.

Dirigido por Matteo Garrone, o filme passa longe do tom colorido e musical do estilo Disney de ser. A história de Pinóquio fala sobre amadurecimento, encarar a realidade de um mundo conflituoso e perigoso. O longa italiano é sombrio, uma adaptação do livro de Carlo Callodi que utiliza o fantástico como peça habitual daquele universo – sem tentar justificar os elementos surreais -, e coloca o protagonista em sua jornada solitária diante da grandeza de um mundo cheio de seres com interesses, desejos e ansiedades.

Talvez para alguns o filme seja um tanto quanto cansativo justamente por possuir um clima sombrio e dramático – até teatral em muitos momentos – que diverge do que o público está acostumado com a história. Mas este “Pinóquio” é uma adaptação intrigante que traz frescor à uma trama tão conhecida.

O básico está lá, os elementos clássicos do texto estão presentes, mas ao mesmo tempo em que Callodi traz sobriedade e realismo (do ponto de vista temático e social), ele mistura fantasia ao utilizar atores maquiados e cenários contrastantes entre si. Inicialmente até soa esquisito, estranho, mas tudo se dissipa com o desenrolar da narrativa, e ao final estamos já acostumados com aquele mundo.

Aliás, a maquiagem, fotografia, figurino e direção de arte de “Pinóquio” são soberbos. Há cenas visualmente memoráveis que dariam belíssimos quadros. Enfim, uma adaptação revigorante de uma história constantemente adaptada. Vale a pena!

Pinocchio/ITÁLIA – 2019

Dirigido por: Matteo Garrone

Com: Robert Benigni, Federico Ielapi, Rocco Papaleo…

Sinopse: No live action de Pinóquio, somos apresentados à verdade sombria por trás de um clássico que marcou gerações. O solitário marceneiro Gepeto (Roberto Benigni) tem o grande desejo de ser pai, e deseja que Pinóquio (Federico Ielapi), o boneco de madeira que acabou de construir, ganhe vida. Seu pedido é atendido, mas a desobediência do jovem brinquedo faz com que ele se perca de casa e embarque em uma jornada repleta de mistérios e seres mágicos, que o levará a conhecer de fato os perigos do mundo.

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Opinião: GET DUKED! | Amazon Prime

Este nome “Get Duked” é uma brincadeira que só quem assistir ao filme vai entender. Um jogo de palavras que tem a ver com certo personagem na história – aliás, uma referência divertida com o marido da Rainha da Inglaterra, o duque de Edimburgo. E até com a própria rainha, apesar de nunca – claro! – falarem explicitamente e o termo usado ser “Duchess” (Duquesa no português). Mas dá pra entender.

Na trama, três adolescentes problemáticos e infratores são designados para realizar a caminhada que integra a premiação Duke of Edinburgh Awards, uma competição idealizada pelo Duque de Edinburgh – marida da Rainha – onde um grupo de pessoas precisa passar por este caminho entre as montanhas da Escócia sem usar nenhum tipo de tecnologia. Tudo fica complicado quando eles começam a ser caçados por um casal aristocrata que quer matá-los por puro esporte.

“Get Duked!” é uma comédia britânica, e o humor inglês é muito diferente do norte-americano. Até mesmo os momentos escrachados e cheios de obscenidades são carregados de uma frieza, e eloquência, notória. Eu gosto, e por isso achei o filme um típico besteirol bretão com sadismo sob medida e violência impremeditada que nos pega de surpresa.

Não é um filme original, ou surpreendente, ou marcante e muito menos memorável. É uma completa besteira com momentos inspirados, e uma visão cínica da juventude. Por isso já vale. Disponível na Amazon Prime Video.

Get Duked!/REINO UNIDO – 2020

Dirigido por: Ninian Doff

Com: Eddie Izzard, Samuel Bottomley, Viraj Juneja, Lewis Gribben…

Sinopse: Quatro estudantes acostumados com a vida da cidade embarcam em uma tradicional viagem para acampar no meio das florestas escocesas, levando-os a serem perseguidos por um casal mascarado.