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Opinião: Jungle Cruise (Disney+)

“Jungle Cruise” parece um filme de “Piratas do Caribe” mas sem os piratas, sem o caribe e sem um personagem icônico como Jack Sparrow para segurar as pontas. Fora isso, muitos dos elementos habituais da franquia bucaneira estão presentes no filme, que apresenta uma história que envolve magia, pessoas amaldiçoadas que não morrem e são monstros em sua forma, tentativas de traição e depois reconciliação, e por ai vai. Mas não só Piratas entra no caldo, aqui temos um pouco de “A Múmia” do Brendan Freaser, e claro, a maior inspiração do cinema de aventura moderno: Indiana Jones – além de um objeto central que motiva os personagens (chamado de Macguffin), temos aqui até uma passagem de tempo com uma linha passando pelo mapa (só faltou a música de John Williams).

Se inspirar em obras que deram certo e foram felizes em sua criação de mundo não é problema algum, mas diferente de “Jungle Cruise”, tanto a “A Múmia” quanto “Piratas do Caribe” (principalmente o primeiro filme) conseguiram a façanha de pegar clichês do gênero de aventura e criar uma ambientação única com personagens destacáveis e memoráveis, e possuem a preocupação de desenvolver sua história e suas nuances com calma, estabelecer as regras daquele mundo fantástico e, por fim, criar sequências de ação/aventura que sejam empolgantes, divertidas e bem filmadas. E não vou nem falar de “Indiana Jones” pois foi ali que Spielberg e George Lucas estabeleceram as regras definitivas do jogo.

“Jungle Cruise” não é uma bomba, mas é um filme carente de identidade e algo que não lhe faça ser um mero exemplar de aventura descartável e sem criatividade. A obra possui dois atores excelentes e cheios de carisma como protagonistas (Dwayne Johnson e Emily Blunt), mas o roteiro não favorece seus personagens e é apressado em conduzir sua narrativa. Personagens são encontrados rapidamente, revelações são jogadas em tela porque convém, outros aparecem e pouco acrescentam à história e tudo é tão frenético, e brevemente desenvolvimento, que não temos respiro para aproveitar as peças em jogo.

Mas o que mais me incomodou no filme foi como o diretor Jaume Collet-Serra dirige a ação. Diferente das outras franquias que citei acima, Collet-Serra pouco abre a câmera em momentos que necessitavam de um plano mais aberto para que pudéssemos saborear a mise-en-scène do momento, mas que são desperdiçados com takes fechados em seus atores e uma edição brusca – o que resulta em muitas partes cujo fundo verde do CGI é descaradamente perceptível. E o que dizer de um determinado momento nas correntezas do rio amazônico em que a fotografia muda drasticamente de tonalidade e logo após retorna ao que era antes? Uma nítida quebra de continuidade visual – até achei que era um sonho nesse momento.

Inspirado em outra atração dos parques da Disney, particularmente, queria ter gostado mais de “Jungle Cruise”, que tinha potencial para ser bem melhor. Está longe de ter a competência visual e criativa de “Piratas do Caribe”, que apesar dos problemas ao longo de seus filmes, são obras com cenas marcantes de ação e personagens do mesmo modo icônicos. Mas torço para o sucesso de “Jungle Cruise” e um segundo filme muito melhor.

Jungle Cruise/2021 – EUA

Dirigido por: Jaume Collet-Serra

Com: Dwayne Johnson, Emily Blunt, Jesse Plemons, Egar Ramirez, Paul Giamatti, Jack Whitehall…

Sinopse: Jungle Cruise gira ao redor do malandro e brincalhão Frank Wolff (Dwayne Johnson), capitão do barco La Guilla. Ele é contratado pela Dra. Lily Houghton (Emily Blunt) e seu irmão McGregor (Jack Whitehall) para levá-los em uma missão pelas densas florestas amazônicas com a intenção de encontrar uma misteriosa árvore com poderes de cura que poderá mudar para sempre o futuro da medicina. No caminho, eles viverão inúmeros perigos, enfrentando animais selvagens e até mesmo forças sobrenaturais.

Jungle Cruise: Críticas AdoroCinema

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Opinião: Tempo (Old)

“Tempo”, o novo filme escrito e dirigido por M. Night Shyamalan, acompanha duas famílias durante uma viagem para uma ilha tropical. Lá, eles e outros hóspedes são convidados pelo gerente do hotel a conhecer uma praia próxima onde serão levados exclusivamente pelo motorista da casa. Chegando lá, logo todos percebem que algo estranho está acontecendo: eles estão envelhecendo rapidamente! Anos inteiros passam em questão de minutos e ninguém consegue escapar do local.

Este novo filme de Shyamalan está longe de ser uma obra vergonhosa como foram “A Dama na Água”, “Fim dos Tempos”, “Depois da Terra” e “O Último Mestre do Ar”, por exemplo. Não chega a ter o patamar de qualidade de “O Sexto Sentido” (ainda o seu melhor filme), mas é um projeto com ideias intrigantes utilizadas de tal maneira que, ao menos para mim, funcionaram e conseguiram me deixar envolvido e imerso na narrativa.

Baseado na graphic novel franco-sueca “Castelos de Areia”, a história de “Tempo” é uma reflexão sobre a passagem do tempo e como este é extremamente parte imutável de nossa existência. Como lidamos com o envelhecer e o não ser mais jovem como antes. São temas instigantes principalmente por se tratar de um assunto que afeta todos os seres vivos: a eminência da morte. Tanto que o título original, “Old” (Velho), remete justamente a um período de nossas vidas onde nos tornamos muito mais reflexivos sobre quem somos, justamente por estarmos bem mais próximos do fim.

Eu nunca li a graphic novel, portanto, não sei dizer se é bom nem o quanto de material Shyamalan utilizou em seu roteiro. Mas como filme, “Tempo” é um exercício interessante de reflexão, ao mesmo tempo em que é uma obra frenética em sua paranoia e tensão. Quando os personagens chegam à ilha, Shyamalan não dá descanso para o público. Infelizmente, o maior pecado do filme se encontra em optar por resoluções ‘deus ex-machina’ que acontecem e temos apenas que aceitar, uma típica resolução fácil e mal resolvida. O mesmo vale para classificar o final onde o diretor tece uma crítica à implacável indústria farmacêutica e no que ela é capaz de fazer para alcançar os seus objetivos. Soa estranho e fora de tom com o restante do filme.

Mas, ainda assim, gostei de “Tempo” e no ritmo tenso criado por Shyamalan. Além dos ótimos temas trabalhados e no clima de paranoia e claustrofobia gerado pelo cenário da praia, que se torna personagem fundamental da trama.

Disponível nos cinemas. 

Old/EUA – 2021

Dirigido por: M. Night Shyamalan

Com: Gael Garcia Bernal, Rufus Sewell, Alex Wolff, Vicky Krieps…

Sinopse: Estrelado por Gael Garcia Bernal, Tempo acompanha uma família durante uma viagem para uma ilha tropical. Quando chegam em uma praia deserta, algo estranho começa a acontecer: todos passam a envelhecer rapidamente, anos inteiros passam em questão de minutos. Eles, então, precisam descobrir o que está acontecendo antes que suas vidas sejam encurtadas drasticamente.

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Opinião: Superman & Lois – 1ª temporada | HBO Max

Confesso que tenho sentimentos conflitantes com relação a esta nova série do Superman realizada pelo canal CW, e cujos 11 episódios lançados (total são 15) já estão disponíveis para assistir no HBO Max.

Intitulada de “Superman & Lois”, o seriado estrelado por Tyler Hoechin e Elizabeth Tulloch, conseguiu me surpreender ao trazer uma história que muda muitos dos elementos clássicos que já conhecemos do personagem, e que já vimos à exaustação tanto no cinema quanto na televisão. A história do filho enviado de Krypton para a Terra e que foi encontrado por um casal de fazendeiros no Kansas ainda permanece, assim como alguns outros quesitos, mas ao todo, o show muda bastante a estrutura da história tradicional e por isso devo admitir que fiquei contente pela ousadia dos realizadores em buscar algo novo, e diferente, do que já conhecemos do personagem. E não entregar uma aventura batida e infantil como já vimos em seriados antigos e em filmes.

Não vou falar quais foram as mudanças pois acredito que isto é importante para o ‘elemento surpresa’ da série, principalmente para aqueles que, como eu, não foram buscar notícias e/ou spoilers sobre o seriado na internet. Só digo que a ousadia é válida e merece reconhecimento. Misturar as mudanças com elementos de viagem no tempo (como a DC Comics ama fazer), e um drama familiar pomposo, e sério, e nada infantil, são decisões influenciadas, claro, pelo filme “Homem de Aço” de Zack Snyder, mas que trazem o seu próprio frescor e singularidades.

Mas se eu gosto deste tom sombrio, e deste desenvolvimento menos infantil do personagem (também gosto do outro estilo), por outro lado, acredito que o seriado peca pela falta de equilíbrio entre a dramaticidade soturna da trama com a ação necessária para uma série de super-herói. Falta ação, falta mais Superman, falta mais aventura e empolgação no seriado. Em 11 episódios temos dramas repetitivos e melosamente excessivos que em muitos momentos atrapalham e tornam o show cansativo e arrastado. Gosto da decisão de criar uma história única para toda a temporada, e não o vilão da semana como em seriados anteriores, mas senti falta de mais heroísmo, mais ação urbana e destruidora como vimos no próprio “Homem de Aço”. Repito: faltou mais Superman.

Superman & Lois Season 1/EUA – 2021

Número de episódios: 11

Onde assistir: HBO Max

Criado por: Todd Helbing e Greg Berlanti

Com: Tyler Hoechin, Elizabeth Tulloch, Alex Garfin, Jordan Elsass, Wolé Parks, Adam Rayner…

Superman & Lois - Série 2021 - AdoroCinema
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Opinião: Jolt – Fúria Fatal (Jolt) | Amazon Prime

Kate Beckiensale é carismática, bonita e dá conta do recado quando o quesito é ação. Mas, infelizmente, nada neste “Jolt: Fúria Fatal” funciona. Absolutamente nada! E para expor os meus motivos vou precisar citar alguns spoilers.

Vamos primeiro com a história. Na trama, Lindy (Beckiensale) é uma mulher bonita e com um humor deliciosamente sarcástico, porém, devido a um raro distúrbio neurológico ela tem impulsos assassinos esporádicos que só podem ser interrompidos quando se choca com um eletrodo especial. Mas certo dia ela conhece uma pessoa que muda completamente seu mundo: Justin (Jai Courtney) é um homem carinhoso e atencioso que não vê problema na condição de Lindy. Só que Justin é assassinado no dia seguinte, o que faz Lindy embarcar em uma missão cheia de vingança para encontrar o assassino, enquanto também é perseguida pela polícia como a principal suspeita do crime.

A personagem é apresentada com esta anormalidade que a torna um super ser humano. O próprio roteiro enfatiza inúmeras vezes o quanto ela é especial, o quanto ela pode ser ainda melhor se desenvolver a raiva, etc. E o próprio roteiro também expõe que sua anormalidade a torna mais forte e implacável, o que a faz ser interessante para o interesse de muitos. Mas em nenhum momento a personagem consegue convencer como uma pessoa realmente forte, e se a sua condição não existisse não mudaria em nada o roteiro, já que Lindy só faz cara de nervosa e deboche o filme todo e luta bem, mas nada sobre-humano que justifique o alvoroço todo em torno de seus “talentos”.

E se não faz sentido o fator “super” presente na trama, também não faz sentido as motivações triviais motivadas por um caso amoroso de 3 encontros (!!!), que faz a personagem arriscar a sua vida por um personagem que ela mal conhece. Poderiam ter usado a edição e criado uma passagem de tempo aumentado o período de envolvimento entre Lindy e o charmoso Justin, colocando o relacionamento entre ambos em pelo menos seis meses. Diante disso, a perda de Justin justificaria a fúria incontrolável da protagonista para vingar o seu namorado. Aqui, nem isso ele é e a todo instante ela precisa explicar para os bandidos tal fato – o que torna ainda mais vergonhoso o enredo.

Com cenas de ação genéricas e sem nenhuma criatividade, “Jolt: Fúria Fatal” é um aglomerado de boas intenções mas ridiculamente desenvolvidas. Um péssimo filme de ação que desperdiça não apenas Kate Backiensale, mas um elenco de apoio com atores competentes como Bobby Cannavale, Stanley Tucci, Jai Courtney e Laverne Cox. Um exemplar descartável e nada divertido. E ainda tem gancho pra continuação! Haja boa vontade!

Jolt/EUA – 2021

Dirigido por: Tanya Wexler

Com: Kate Beckiensale, Bobby Cannavale, Stanley Tucci, Jai Courtney, Laverne Cox…

Sinopse: Lindy (Kate Beckinsale) é uma segurança durona com um problema de controle de raiva. Depois que o primeiro cara por quem ela se apaixonou é assassinado, ela vai em um ataque de vingança para encontrar o assassino enquanto os policiais a perseguem como o principal suspeito.

Jolt | Amazon Prime Video divulga trailer do filme de ação com Kate Beckinsale
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Opinião: Céu Vermelho-Sangue (Blood Red Sky) | Netflix

Produção original alemã/norte-americana da Netflix, “Céu Vermelho Sangue” é um thriller de suspense que acompanha uma mãe e seu filho durante o sequestro de um avião por terroristas, e logo se descobre que ela é, na verdade, uma vampira.

Dirigido por Peter Thorwarth, a produção possui qualidades louváveis e consegue ser um suspense eficiente, e angustiante, ao nos colocar em uma situação claustrofóbica em um local onde não há escapatória para o exterior. O roteiro acerta ao estabelecer situações que se agravam em tensão e nos deixa pensativos em ‘como eles irão conseguir escapar disso?’ É uma ascensão da inquietude, da aflição que é construída com ritmo e muito sangue. Conseguimos sentir o temor das consequências e em como elas podem levar à um destino não tão satisfatório. Junto a isso, o texto também cria um paralelo com temáticas humanas como aceitação e abandono que ajudam a desenvolver maior empatia pela protagonista e seu filho.

Mas se “Céu Vermelho Sangue” começa magistralmente e se mantém com eficácia em grande parte de sua duração, um pouco depois da metade o texto se perde e não sabe para qual caminho trilhar, o que leva a mudanças mal explicadas e a um final cafona que se entrega ao melodrama e perde a oportunidade de criar algo realmente instigante e tematicamente assustador.

Apesar do final capenga e broxante, “Céu Vermelho Sangue” vale a jornada e destaco a ótima atuação da atriz Peri Baumeister, um atriz que entrega um intensidade emocional e física impactantes. Disponível na Netflix.

Blood Red Sky/ALEMANHA, EUA – 2021

Dirigido por: Peter Thorwarth

Com: Peri Baumeister, Carl Anton Kock, Alexander Scheer, Kais Setti…

Sinopse: Em Céu Vermelho-Sangue, quando um grupo de terroristas sequestra um avião, uma mulher a bordo tem que tomar uma difícil decisão para proteger seu filho e os outros passageiros. Ela deverá revelar o monstro dentro de si que escondeu por tanto tempo: uma vampira.

Céu Vermelho-Sangue poster - Foto 1 - AdoroCinema
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Opinião: Dupla Explosiva 2 – E a Primeira Dama do Crime (Hitman’s Wife’s Bodyguard)

O primeiro “Dupla Explosiva” foi lançado nos cinemas em 2017 e arrecadou mundialmente o valor de $ 176 milhões de dólares para um orçamento estimado de apenas $30 milhões. Foi um sucesso justo que quintuplicou o seu custo de produção e abriu portas para esta continuação intitulada no Brasil de “Dupla Explosiva 2 – E a Primeira Dama do Crime”, agora com um orçamento maior, mais ação e mais nomes de peso para o elenco, que além de já possuir Ryan Reynolds e Samuel L. Jackson, adiciona Salma Hakey, Antonio Banderas e Morgan Freeman.

Mas o primeiro filme não soa como um grande sucesso porque as pessoas não falam sobre o filme, e pouco lembram de sua existência. E isso ocorre justamente porque “Dupla Explosiva” (nome genérico) pertence a um grupo de filmes que são lançados a toque de caixa com um orçamento pequeno e que buscam se pagar, e trazer o mínimo de retorno, se sustentando na força de seus astros. São filmes que até podem ser divertidos e agradáveis de assistir, mas não são nada memoráveis e logo depois da sessão nem lembramos o que de fato aconteceu. É um entretenimento fast food filmado sem ambições ou intenções de entregar algo ousado na ação.

Dentro deste grupo de “diversão fast food”, este “Dupla Explosiva 2”, assim como o filme original, também proporciona momentos divertidos e válidos pelo carisma e interação entre o elenco, mas que não ficam com você após o término. Existem cenas de ação frenéticas, muita correria, explosões, revelações e bastante verborragia dos personagens alucinados, mas nada que torne a experiência marcante além daquelas duas horas de duração. E poderia ser menos longo, tornando assim, a experiência mais enxuta e objetiva.

Particularmente, não vejo nada demais quando o filme não é memorável ou surpreendente, desde que sua simplicidade seja, no mínimo, bem realizada. Dentro de suas intenções, “Dupla Explosiva 2” mantém a diversão e a ótima dinâmica dos atores, e mesmo esquecível, o longa cumpre o que promete. Além de ser modestamente bem realizado.

Hitman’s Wife’s Bodyguard/EUA – 2021

Dirigido por: Patrick Hughes

Com: Ryan Reynolds, Samuel L. Jackson, Salma Hayek, Antonio Banderas, Morgan Freeman…

Sinopse: Em Dupla Explosiva 2 – E a Primeira Dama do Crime, o guarda-costas Michael Bryce (Ryan Reynolds) terá que abandonar sua licença sabática para proteger Darius (Samuel L. Jackson) e Sonia (Salma Hayek), o casal estranho mais letal do mundo. Enquanto Bryce é levado ao limite por seus dois protegidos, o casal Kincaid se mete em uma trama global, onde são perseguidos por Aristotle Papadopolous (Antonio Banderas), um louco vingativo e poderoso

Dupla Explosiva 2 – E a Primeira-Dama do Crime Torrent – Download

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Opinião: Um Lugar Silencioso – Parte 2 (A Quiet Place – Part 2)

“Um Lugar Silencioso – Parte 2” continua a história exatamente do momento em que finalizou o primeiro filme. Mas antes, o longa dirigido novamente por John Krasinski e estrelado por Emily Blunt, nos apresenta o começo do terror quando os monstros alienígenas chegaram à Terra e começaram a exterminar os seres humanos. Acompanhamos o personagem de Krasisnki e sua família em um dia normal e tranquilo na pequena cidadezinha, até que uma bola de fogo ressoa pelo céu e instantes depois a pacata cidade se transforma em uma zona aterrorizante de gritos, sangue e correria.

Este começo durante o intitulado ‘Dia 1’ é um desses momentos magistrais da Sétima Arte em que a linguagem cinematográfica é utilizada em favor de uma narrativa, e a direção entende a importância do silêncio, o uso da câmera e em como criar a tensão utilizando o menos possível de cortes e movimento. É um sinfonia que Krasinki entende maravilhosamente bem e que nitidamente mostra o conhecimento do diretor pelo cinema de suspense pavimentado por mestres como Alfred Hitchcock, John Carpenter, Steven Spielberg, William Friedkin e outros.

Apesar de não existir o ineditismo que favorecia o filme original de 2018, “Um Lugar Silencioso – Parte 2” mantém sua escala sem abusar da soberba e continua a história da família protagonista. O longa expande minuciosamente o mundo introduzido no antecessor ao mostrar com maiores detalhes os monstros, e leva a trama adiante com novos seres humanos e uma solução para uma vivência pacífica e longe dos perigos das criaturas.

Se o início do filme é cinema realizado com gana e fervor, Krasisnki não perde o ritmo com o desenrolar da história. A cada momento, a cada situação o enredo de “Um Lugar Silencioso – Parte 2” é um aglomerado de tensão, angústia e ansiedade. É cinema raiz realizado com inventividade, maestria e propósito. Cada cena é importante e cada peça do ‘tabuleiro’ é essencial. Assim como o elenco formidável encabeçado por uma excelente Emily Blunt (pra variar!), Millicent Simmonds (melhor ainda que no primeiro), e agora a adição do sempre ótimo Cillian Muprhy – também uma peça importante da trama.

Minha ressalva fica unicamente para um determinado momento (que envolve o filho do meio, interpretado pelo jovem Noah Jupe), em que o roteiro força uma situação com o personagem para gerar suspense. Uma ação que soa sem fundamento e descartável.

Mas diante do todo, “Um Lugar Silencioso – Parte 2” é um filmaço visceral que mantém a qualidade da franquia. Até mesmo o gancho final para um terceiro filme não soa, apenas, como uma decisão corporativa, mas tem base narrativa e sentido para o desenrolar da história.

A Quiet Place – Part 2/EUA – 2021

Dirigido por: John Krasinski

Com: Emily Blunt, Millicent Simmonds, Cillian Murphy, Noah Jupe, Djimon Hounsou…

Sinopse: Em Um Lugar Silencioso – Parte 2, logo após os acontecimentos mortais do primeiro filme, a família Abbott (Emily Blunt, Millicent Simmonds e Noah Jupe) precisa agora encarar o terror mundo afora, continuando a lutar para sobreviver em silêncio. Obrigados a se aventurar pelo desconhecido, eles rapidamente percebem que as criaturas que caçam pelo som não são as únicas ameaças que os observam pelo caminho de areia.

Um Lugar Silencioso – Parte II' ganha INCRÍVEL pôster oficial; Confira! | CinePOP

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Opinião: Young Rock – 1ª temporada | HBO Max

A série começa em 2032 com Dwayne Johnson concorrendo ao cargo de Presidente dos EUA. À partir de entrevistas durante a campanha, ele vai criar ganchos para contar a história de algum momento importante de sua vida, seja de quando era criança em 1982, ou já adolescente em 1987. A ideia é interessante e criativa pois utiliza, de fato, a presença de Dwayne no seriado (e não apenas como narrador), e também favorece para criar uma fluidez importante que colabora para a ambientação oitentista e animada do show.

Não sei quanto de história real existe em “Young Rock”, mas é sem dúvida um projeto realizado com coração, interesse e paixão por Dwayne – além de ser também um ótimo veículo promocional de sua própria imagem. O seriado é uma comédia que pode não ter o humor ácido de um “Todo Mundo Odeio Chris” (que é também inspirado na vida de outra celebridade, o ator e comediante Chris Rock), mas existe ironia e uma narrativa extremamente divertida, sentimental e envolvente que torna cada episódio um prazer absoluto.

A escolha de elenco é também outro acerto de “Young Rock”. Tanto Adrian Groulx, que interpreta Dwayne aos 10 anos, ou Bradley Constant, aos 15 anos, ou Uli Latukefu, aos 18-20 anos, conseguem capturar o carisma magnético de Johnson e esbanjam energia e simplicidade que transbordam em cena. Destaque também aos ótimos Stacey Leilua e Joseph Lee Anderson como os pais de The Rock, e aos demais atores que compõem o elenco de apoio.

Com 11 episódios de 20 minutos cada, “Young Rock” é uma grata surpresa e um seriado imperdível disponível no HBO Max.

Young Rock Season 1/EUA – 2021

Criado por: Jeff Chiang e Nahnatchka Khan

Total de episódios: 11

Duração: +/- 20 minutos

Com: Dwayne Johnson, Adrian Groulx, Bradley Constant, Uli Latukefu…

Young Rock (TV Series 2021– ) - IMDb
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Opinião: Hacks – 1ª temporada | HBO Max

Na trama de “Hacks”, acompanhamos Deborah Vance (Jean Smart), uma comediante veterana e famosa nos EUA que agora enfrenta a decadência e a falta de humor. Ela possui um contrato com um teatro em Las Vegas onde apresenta por anos o mesmo número, e tudo fica ainda mais instável quando recebe a noticia de que seu contrato com o local não será renovado. Para salvar a carreira, seu empresário envia uma jovem de Los Angeles chamada Ava Daniels (Hannah Einbinder), uma roteirista de comédia que recentemente foi cancelada por uma piada no Twitter e começou a ser rejeitada para novas oportunidades de trabalho. Deborah é a sua chance para faturar uma grana e voltar aos eixos.

Nos EUA, quando alguém chama outra pessoa de ‘Hack’ significa que este indivíduo é muito ruim em determinada função. O termo é mais usado com relação a escritores, essencialmente quando determinado profissional da área possui uma péssima escrita, ou ocasionou de lançar um péssimo material em texto.

O termo é uma brincadeira que não necessariamente reflete o talento das protagonistas de “Hacks” – que são boas no que fazem -, mas sim ao momento conturbado e extremamente crítico de suas carreiras. Deborah é uma veterana do humor que já não possui o mesmo impacto na comédia como em seus dias de juventude, e precisa encarar a realidade de um stand-up show a cada dia mais datado. Enquanto Ava também é uma roteirista que ainda não encontrou seu caminho, e um trabalho que realmente valorizasse o seu talento. Em meio a isso, o enredo do seriado vai desenvolver alguns conflitos familiares na vida de cada personagem, e aos poucos, uma interação que não foi recebida com muito entusiasmo no inicio – tanto por Deborah quanto por Ava -, aos poucos irá ganhar respeito, carinho e amizade.

Em uma visão geral, “Hacks” não possui uma história das mais originais ao trazer uma trama sobre duas pessoas que não se dão bem no começo, mas a convivência irá torná-las cada vez mais próximas. Por causa disso, existe certa previsibilidade nas resoluções de alguns conflitos, mas há outros caminhos – principalmente no desfecho -, que fogem da tentação de tornar tudo agradabilíssimo com a redenção das personagens (apesar de existir, sim, o melodrama do perdão, etc).

Mas “Hacks” é um acerto tão grande em escolha de elenco e desenvolvimento que a jornada é um deleite e totalmente prazerosa. Jean Smart é uma atriz veterana da televisão, e cinema, com enorme talento e que aqui ganha espaço para bilhar como protagonista. Ao lado da novata Hannah Einbinder (uma revelação!), as atrizes constroem uma relação essencial para o êxito do seriado, que em sua simplicidade, deixa aquele gostinho de quero mais no final.

Hacks Season 1/EUA – 2021

Total de episódios: 10

Duração: +/- 30 minutos

Criado por: Lucia Aniello, Paul W. Downs e Jen Statsky

Com: Jean Smart, Hannah Einbinder, Carl Clemons-Hopkins, Christopher McDonald…

Hacks - Série 2021 - AdoroCinema