Não sou aquele fã de Game of Thrones que sabe cada nome de personagem, por mais coadjuvante que seja, ou que é conhecedor dos reinos e passado de cada família da história. Não li os livros e meu único contato com GoT é, exclusivamente, pela série da HBO. E posso dizer que sou apaixonado pelo seriado que trouxe uma nova cara para a fantasia na atualidade, ao mesclar elementos clássicos da cultura pop – dragões, mortos vivos, etc – com uma trama política cheia de intriga e vingança onde nenhum personagem está a salvo.
A imprevisibilidade sempre foi um ponto forte da série. E as cenas de ação evoluíram com os anos até culminar em uma das sequências de batalha mais arrebatadoras e inesquecíveis da história do audiovisual: “A Batalha dos Bastardos”, que acontece no nono capítulo da sexta temporada. Em seguida, os realizadores David Benioff e D. B. Weiss anunciaram que Game of Thrones só iria até a oitava temporada e o número de episódios também seria menor.
Desde o sexta ano, a sensação de reta final já era visível. Como não há mais livros para a série se basear – Martin ainda não lançou o tão prometido novo volume -, GoT ganhou nova velocidade ao acelerar a trama para resoluções menos demoradas e um desenvolvimento com menos gordura. Nesta sétima temporada, além de ter apenas sete capítulos, o ritmo frenético é ainda maior. Se por um lado cortar o excesso ajuda no ritmo, por outro, pode causar erros vergonhosos de tempo e localização, com personagens indo de um lugar a outro em velocidade recorde.
Obviamente é necessário ganhar tempo e evitar perdê-lo com diálogos extensos ou longas caminhadas. Não há problema existir o corte temporal. O problema é quando a montagem da trama torna-se totalmente prejudicada ao construir passagens de cenas que vão de conflito à própria aceitação do público. Particularmente, este quesito me causou grande incômodo no episódio seis desta sétima temporada. Sem dar spoiler, nitidamente os roteiristas jogaram para o alto qualquer senso mínimo de congruência narrativa, e resolveram investir em resoluções fáceis, previsíveis e pra lá de forçadas.
Ao falar assim, muitos de vocês leitores irão, imediatamente, começar a me xingar de todos os nomes possíveis. E isto faz parecer que não gosto da série. Muito pelo contrário, gosto demais! Me divirto horrores, as cenas de ação continuam impecáveis e empolgantes – Daenerys queimando os soldados Lannisters no quinto episódio é de deixar o coração palpitando forte -, e como já disse no começo do texto, o show é um frescor para o gênero de fantasia. No entanto, por outro lado, temos que reconhecer a perda de um certo charme, de um roteiro mais apurado, intrigante e imprevisível que existia antes.
Com planos fajutos, bobos, dramas arrastados e situações clichês e comuns de qualquer filme, ou série de ação, esta sétima temporada de “Game of Thrones” pode até manter o charme que conquistou – afinal, a próxima é a última temporada, e é sempre extasiante quando algo que gostamos se aproxima do fim -, mas também, a série perdeu em alguns quesitos chaves que antes foram responsáveis por fazer dela algo tão marcante. Mas que venha a season finale! Torço bastante para um encerramento apoteótico digno do alto nível de produção e execução do seriado, e que não seja mais uma dessas decepções de partir o coração. Não é mesmo “Lost”? Enfim, que venha 2018!
Game of Thrones-Seventh Season/EUA
Total de episódios: 07
Elenco: Peter Dinklage, Emilia Clarke, Kit Harington, Lena Headey, Sophie Turner, Maisie Williams, Nikolaj Coster-Waldau…