Posted in Oscar

Apostas OSCAR 2018

MELHOR FILME

a forma da água

Quem vai ganhar: A FORMA DA ÁGUA

Na realidade, é uma categoria que, FELIZMENTE, está sem grandes favoritos. Com as diversas polêmicas envolvendo vários dos indicados nos últimos dias, principalmente os que são considerados os mais fortes como “Três Anúncios” e “A Forma da Água”, o jogo fica cinzento e tudo pode acontecer. Mas vou apostar em A FORMA DA ÁGUA que venceu o Sindicado dos Produtos, Diretores e chega na dianteira para ganhar a principal estatueta da noite. Não considero que mereça,  apesar de ser um filme belo e envolvente, mas longe de ser o melhor entre os indicados.

MELHOR ATRIZ

tres anuncios para um crime

Quem vai ganhar: FRANCES McDORMAND por “Três Anúncios Para Um Crime”

A categoria de Melhor Atriz está bastante forte. Todas as indicadas estão excelentes em seus respectivos trabalhos, mas este é o ano de Frances McDormand que nos entrega mais uma atuação vigorosa, cheia de nuances e sentimentalmente tocante. Será o segundo Oscar da carreira – o primeiro foi por “Fargo” em 1995.

MELHOR ATOR

o destino de uma nação

Quem vai ganhar: GARY OLDMAN por “O Destino de Uma Nação”

Não há dúvidas de que este é o ano de Gary Oldman, um ator que há muito tempo já merecia o seu reconhecimento pela Academia. Ao encarnar Winston Churchill – em uma caracterização incrível, diga-se -, Oldman não permite que a excelente maquiagem se sobressaia e rouba a cena em cada momento. Apesar da categoria ser fortíssima, neste ano não tem pra ninguém. 

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

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Quem vai ganhar: ALLISSON JANNEY por “Eu, Tonya”

Outra também que ganhou todos os demais prêmios possíveis nas premiações deste começo de ano, e tem tudo para levar a estatueta dourada. 

MELHOR ATOR COAJDUVANTE

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Quem vai ganhar: SAM ROCKWELL por “Três Anúncios Para Um Crime”

Vou apostar em Sam Rockwell pois ele levou tudo até agora. Mas, o Oscar costuma surpreender pra valer em alguns anos, e não há favoritos absolutos nesta categoria. Particularmente, daria o prêmio para Woody Harrelson, que também concorre por “Três Anúncios”. Ou Willem Dafoe – também fantástico. 

MELHOR DIRETOR

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Quem vai ganhar: GUILLHERMO DEL TORO por “A Forma da Água”

Vai ganhar pelo conjunto da carreira, pois só por “A Forma da Água” não merecia. Mas Del Toro é um diretor com assinatura, paixão, e já nos presenteou com filmaços – incluindo o clássico “O Labirinto do Fauno”. Portanto, vou ficar feliz pelo reconhecimento aqui. 

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

me chame pelo seu nome

Quem vai ganhar: ME CHAME PELO SEU NOME

Queria muito que “Logan” ganhasse pela importância ao mercado de filmes de super-heróis. Mas não vai. Sem dúvida o grande favorito é “Me Chame Pelo Seu Nome”, que também vai ser o prêmio consolação para o filme.

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

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Quem vai ganhar: CORRA!

Será o prêmio consolação para este filmaço dirigido por Jordan Peele. E de todos os indicados, particularmente, considero o melhor. Disparado!

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO

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Quem vai ganhar: VIVA – A VIDA É UMA FESTA

De todos os indicados é sem dúvida o melhor. Apesar de gostar muito de “Com Amor, Van Gogh”, “Viva” tem a vantagem de ser popular e ter Disney e Pixar por trás. Mas será merecido! Este ano foi muito fraco de animações. Fraquíssimo!

Posted in Comédia, Drama

Eu, Tonya

A vida de Tonya Harding está longe de ser aquela história motivacional, com momentos de superação e vitória. Além das dificuldades com dinheiro, as brigas violentas com o marido e a relação conturbada com a mãe – outra pessoa nada fácil de conviver -, Tonya conseguiu tempo, e condições, desde pequena, de aperfeiçoar seu talento nato para patinação no gelo. Foi a primeira mulher norte-americana, e a segunda do mundo, a conseguir realizar o salto triplo axel em competições oficiais. Mas sua vida era aquele típico caso onde o pessoal conseguiu se sobressair ao profissional e se tornar mais evidente. Foi condenada judicialmente a abandonar para sempre a patinação no gelo após seu ex-marido, Jeff Gilloly, conspirar contra a patinadora concorrente de Tonya, Nancy Kerrigan, que foi atacada durante uma sessão de treinamento e teve sua perna machucada. O caso ainda é envolto de muitas dúvidas se Tonya sabia, ou não, do ataque físico, já que o plano inicial era apenas amedrontar Nancy com cartas.

Toda a trajetória de Tonya, do seu ex-marido Jeff, de sua mãe LaVona e dos demais personagens que participam da trama, são compostas de trágicos momentos não apenas profissionais, mas de relacionamentos. O grande mérito desta cinebiografia dirigida por Craig Gillespie é justamente tratar tudo com ironia, e rir da cara dos personagens sem menosprezá-los ou torná-los desprezíveis – ainda que, em sua essência, todos sejam.

O humor é encaixado com eficácia e unido a uma edição criativa que traz agilidade e ritmo. A constante quebra da quarta parede acontece de maneira fluida e sem precisar parar a trama para explicações. Ela é auto-explicativa durante a ação. Explico: a personagem está fazendo algo e subitamente vira em direção a câmera e complementa a fala de quem está narrando. Existe uma harmonia entre o personagem narrador e o personagem em cena, o que não só deixa envolvente, como ainda mais chamativo o filme. Resultado: um trabalho de edição primoroso que foi, inclusive, indicado ao Oscar de Melhor Montagem este ano.

“Eu, Tonya” conta também com um elenco primoroso. Margot Robbie naturalmente é muito mais bonita que a verdadeira Tonya, mas já se mostrou em outros filmes, e, principalmente neste, que não é apenas um rosto e corpo bonito. Pelo contrário, Robbie tem se mostrado uma das melhores atrizes atualmente, e seu trabalho como Tonya Harding é criterioso, dedicado e extasiante. Foi merecidamente indicada ao Oscar de Melhor Atriz.

Allison Janney ensoberbece a tela quando aparece na pele da mãe de Tonya, LaVona Harding. Ofensiva, grotesca, mal educada e pouco emotiva, LaVona é uma força da natureza que não tem receio de entrar na briga e falar o que pensa. Janney usa e abusa das oportunidades e é a grande favorita ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Com razão.

Outro digno de aplausos é Sebastian Stan, que apesar de menos reconhecido, me surpreendeu com uma atuação que vagueia entre o cara carismático e o machista repulsivo e imbecil. A mudança de humor do personagem exige bastante dedicação de Stan, que entrega com louvor uma ótima performance.

“Eu, Tonya” é tão eficiente, envolvente, divertido e empolgante que as quase duas horas de duração passam rápido. Uma obra que além de ser um filme com momentos de patinação, não é um filme sobre o assunto, mas uma mescla de gêneros como drama, policial, esporte, comédia e suspense. Um conjunto cujas peças funcionam harmoniosamente, e o resultado é simplesmente imperdível. Recomendado!

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–> Indicado a 3 Oscar: Melhor Atriz (Margot Robbie), Melhor Atriz Coadjuvante (Allison Janney) e Melhor Montagem.

oscar

I, Tonya-EUA

Ano: 2017 – Dirigido por: Craig Gillespie

Elenco: Margot Robbie, Allison Janney, Sebastian Stan…

Sinopse: Desde muito pequena exibindo talento para patinação artística no gelo, Tonya Harding (Margot Robbie) cresce se destacando no esporte e aguentando maus-tratos e humilhações por parte da agressiva mãe (Allison Janney). Entre altos e baixos na carreira e idas e vindas num relacionamento abusivo com Jeff Gillooly (Sebastian Stan), a atleta acaba envolvida num plano bizarro durante a preparação para os Jogos Olímpicos de Inverno de 1994. Baseado em fatos reais.

Posted in Drama

Três Anúncios Para Um Crime

“Três Anúncios Para Um Crime” tem sido um dos grandes nomes das premiações deste começo de 2018, ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme Drama e alguns outros prêmios, e chega com força total para o Oscar como um dos principais favoritos ao maior prêmio da noite. Toda esta comoção e alarde com o novo projeto do diretor Martin McDonagh deriva-se de uma temática pessoal que quebra expectativas, e torna-se muito mais interessante quando analisada sob um aspecto íntimo e contemplativo de cada personagem.

Isto porque “Três Anúncios Para Um Crime” é muito mais um projeto sobre a vida quebradiça de cada personagem, e suas situações mal resolvidas ao longo dos anos, do que, necessariamente, um filme sobre a resolução de um assassinato. A protagonista é Mildred Hayes (Frances McDormand), uma senhora que aluga três outdoors em uma estrada raramente usada, e os usa para atacar a polícia da cidade local e chamar a atenção para o assassinato de sua filha que ainda não foi solucionado. A situação cria grande alvoroço na cidade de Ebbing, em Missouri, causando conseqüências drásticas tanto para Mildred quanto para outros habitantes.

Impetuosa, Mildred é uma mulher cansada. Cansada do comodismo. Cansada do conformismo. E cansada de ver o tempo passar e nada ser feito para encontrar o assassino de sua filha, que antes de matá-la, também havia estuprado a garota. Mas isso é o reflexo de dramas acumulados ao longo dos anos, de uma vida que requereu de sua pessoa força, e imponência, para não se fazer de vítima e ser soterrada pelos problemas. Frances McDormand é uma atriz que transmite esta mesma força. Possui presença notável, e exala com fervor, e ardor, o caráter inabalável de Mildred. McDormand brilha ao transmitir esta personalidade imponente sem deixar de mesclar a sensibilidade, e as dores e angústias da personagem. Favorita ao Oscar de Melhor Atriz este ano, será mais do que merecido assistir McDormand receber a segunda estatueta dourada de sua carreira no palco do Dolby Theatre no próximo dia 4 de março – a primeira foi em 1996 quando ganhou como Melhor Atriz por “Fargo”.

Mas “Três Anúncios Para Um Crime” não é composto apenas de Mildred. Cada personagem compartilha fraquezas, e busca em algo maneiras de sobreviver dia após dia. O chefe de polícia vivido soberbamente por Woody Harrelson é um desses exemplos. Bill Willoughby é atacado por Mildred como responsável pela falta de resultados no caso de sua filha. É um homem dedicado que busca o melhor para a cidade, mas a falta de evidências e provas torna a investigação complicada e fora de seu alcance. Mas a grande luta de Bill não é com o caso da garota morta, ou com os outdoors de Mildred, mas uma batalha pessoal por sua saúde. Da mesma maneira, o também policial Jason Dixon – encarnado de maneira excelente por Sam Rockwell – busca na bebida, e austeridade, a fuga de uma vida frustrada e sem grandes realizações.

Portanto, “Três Anúncios Para Um Crime” é muito mais um filme sobre frustrações, e vidas estagnadas, do que sobre investigação ou assassinato. Ao explorar uma sociedade machucada por fatores tanto externos, quanto internos, o diretor Martin McDonagh – também roteirista – cria um filme sensível, sutilmente tocante e que ganha mais força com as maravilhosas atuações. Um drama que passa rápido tamanha a identificação, e interesse, que sentimos ao acompanhar a vida de cada um dos personagens apresentados em cena. Recomendado!

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–> Indicado a 7 Oscar: Melhor Filme, Melhor Atriz (Frances McDormand), Melhor Ator Coadjuvante (Sam Rockwell), Melhor Ator Coadjuvante (Woody Harrelson), Melhor Roteiro Original, Melhor Trilha Sonora e Melhor Montagem.

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Three Billboards Outside Ebbing, Missouri-EUA, REINO UNIDO

Ano: 2017 – Dirigido por: Martin McDonagh

Elenco: Frances McDormand, Woody Harrelson, Sam Rockwell, Peter Dinklage…

Sinopse: Inconformada com a ineficácia da polícia em encontrar o culpado pelo brutal assassinato de sua filha, Mildred Hayes (Frances McDormand) decide chamar atenção para o caso não solucionado alugando três outdoors em uma estrada raramente usada. A inesperada atitude repercute em toda a cidade e suas consequências afetam várias pessoas, especialmente a própria Mildred e o Delegado Willoughby (Woody Harrelson), responsável pela investigação.

Posted in Disney, Marvel

Pantera Negra

A Marvel Studios completa 10 anos de existência este ano. Tudo começou de maneira esforçada em 2008, sem muitas expectativas, mas cheio de esperança com o lançamento do primeiro filme: Homem de Ferro. Um personagem até então desconhecido do grande público, e cuja aposta não só era incerta, como representava todo o investimento da empresa. Caso fosse fracasso, os planos de construir um universo compartilhado cairiam por terra, e as portas provavelmente seriam fechadas. Mas, como bem sabemos, o resultado foi outro. “Homem de Ferro” foi aclamado por crítica e público, arrecadou milhões mundialmente e começou uma cultura que alastrou por toda Hollywood: criar universos unificados na telona. A Disney não deu bobeira e garantiu a compra de todo o conglomerado Marvel levando para debaixo de tuas asas, inclusive, o departamento de cinema. Com a compra, Marvel/Disney se consolidaram como a mais representativa, e lucrativa, máquina de fazer dinheiro da atualidade no entretenimento audiovisual.

Os filmes de super-heróis se tornaram um subgênero do cinema, e hoje, são os responsáveis por mover uma engrenagem que ainda busca em superproduções garantir a atenção, dividida, do público. Outro feito da Marvel Studios foi conseguir alcançar um patamar de confiabilidade que não engessa o investimento em personagens desconhecidos. “Guardiões da Galáxia” foi o abrir da porteira para não temer usar personagens antes considerados Classe C das revistas em quadrinhos. Com o cinema, e a harmônica orquestra criada pela empresa – onde cada elemento é colocado com planejamento e cuidado nos filmes -, a Marvel Studios ainda não amargou o gosto de um fracasso comercial, e seus filmes são o resultado de trabalho em equipe e disciplina.

Pantera Negra apareceu pela primeira em “Capitão América: Guerra Civil”, e já conseguiu se destacar em meio ao numeroso grupo de heróis. Após a excelente introdução no intitulado MCU (Marvel Cinematic Universe, ou, traduzido, Universo Cinematográfico da Marvel), agora é a vez do personagem receber a sua adaptação solo, cuja responsabilidade é consolidar a mitologia do herói no cerne popular ao se aprofundar em suas origens e cultura.

E se existe um personagem – destes já apresentados ao público – que se difere em cultura, e estilo, é o Pantera Negra. Com temática africana, o diretor Ryan Coogler – do excelente “Creed – Nascido Para Lutar” –, injeta com fervor sangue negro na produção e mergulha de cabeça nos estilos, tons e características da África para compor todo o universo do personagem. É uma mescla de modernidade, filme de super-herói e conceitos africanos que são visualmente belíssimos de assistir. As cores vivas, a música, o visual quente e arrebatador são trabalhos de produção notáveis, e importantes para estabelecer respeito, e relevância, aos negros na cultura do entretenimento. Mais de 90% da obra é composta por atores de raça negra, e a trama coloca a cultura africana como DNA primordial do filme. O resultado é uma obra que possui uma representatividade essencial, principalmente para um período de nossa história onde se debate, e defende, a necessidade da oportunidade para atores de diferentes etnias.

Mas se por um lado “Pantera Negra” carrega esta importante lição social, por outro, como filme de super-herói, e como proposta de diversão, a obra peca em aspectos que prejudicam a eficiência das intenções. Sim, as características da Marvel Studios continuam lá. É um filme nitidamente da empresa. Mas sua resolução erra ao estender em demasia os dramas, e investir pouco na aventura. Muito vai e vêm, conversa demais pra cá, conversa demais pra lá, e pouco exercício da ação. E quando sim, as cenas são fracas e sem nenhum grande momento envolvendo os personagens. Algo que prejudica seriamente o ritmo e nossa disposição ao desenrolar da narrativa.

A impressão deixada é que este “Pantera Negra” foi feito por encomenda, apenas para estabelecer em definitivo um personagem, mas sem muito esmero e cuidado. Cumprir tabela. A ação é genérica e sem criatividade, e há momentos vergonhosos onde se percebe, claramente, que os atores se encontram em frente a uma tela verde. Para um filme da Marvel Studios/Disney, cujo poder de investimento não é pequeno, são deslizes imperdoáveis.

Já o elenco é um acerto e tanto. Chadwick Boseman, desde “Guerra Civil”, já se provou carismático e imponente, características importantes para um personagem que além de herói, é também o rei de uma nação. Andy Serkis como o vilão Garra Sônica não tem muita oportunidade em cena, mas quando surge, Serkis se diverte desmedidamente e investe com gosto no jeito grotesco, e sarcástico, do personagem. Michael B. Jordan cresce aos poucos em tela, e dá conta do recado. Martin Freeman esbanja o imenso carisma habitual e é sempre bem vindo. E as mulheres, todas, estão excelentes e roubam completamente a cena. Desde a ótima Florence Kasumba até Lupita Nyong’o, Letitia Wright e a veterana Angela Bassett.

“Pantera Negra” não chega a ser um filme ruim. É o padrão Marvel onde se há uma expectativa pronta do que será visto. Por um lado, esta expectativa já equilibrada que existe pelos filmes do estúdio é ruim, afinal, vai chegar um momento em que o público vai querer algo diferente. Mas, por outro, é bom por não tornar a experiência desastrosa. O filme é agradável, tem seus momentos divertidos, mas em comparação com outros longas como “Capitão América: Soldado Invernal”, “Homem de Ferro, “Doutor Estranho” e “Guardiões da Galáxia”, por exemplo, “Pantera Negra” está muito abaixo do potencial de envolver, entreter e divertir. Como já dito, o ritmo é inconstante, arrastado, e não há cenas de ação visualmente criativas e empolgantes. No geral, é um filme que cumpre sua obrigação empresarial, e de fundamentar um produto. Mas, particularmente, queria ter me divertido bem mais.

Black Panther-EUA

Ano: 2018 – Dirigido por: Ryan Coogler

Elenco: Chadwick Boseman, Andy Serkis, Florence Kasumba, Lupita Nyong’o…

Sinopse: Após a morte do rei T’Chaka (John Kani), o príncipe T’Challa (Chadwick Boseman) retorna a Wakanda para a cerimônia de coroação. Nela são reunidas as cinco tribos que compõem o reino, sendo que uma delas, os Jabari, não apoia o atual governo. T’Challa logo recebe o apoio de Okoye (Danai Gurira), a chefe da guarda de Wakanda, da irmã Shuri (Laetitia Wright), que coordena a área tecnológica do reino, e também de Nakia (Lupita Nyong’o), a grande paixão do atual Pantera Negra, que não quer se tornar rainha. Juntos, eles estão à procura de Ulysses Klaue (Andy Serkis), que roubou de Wakanda um punhado de vibranium, alguns anos atrás.

Posted in Drama, FANTASIA

A Forma da Água

Guillermo Del Toro sempre foi um desses diretores que apoiado à sua paixão pelo cinema, e por criaturas geralmente intituladas de “monstros”, idealizou mundos tão singulares, e tão repletos de carinho, amor e devoção que se tornou um querido da indústria. “A Espinha do Diabo”, as adaptações de “Hellboy”, este “A Forma da Água” e sua obra-prima até hoje, “O Labirinto do Fauno”, são projetos que mesclam o interesse de Del Toro pelo lúdico e, principalmente, em mostrar que “monstro” é uma definição superficial, e equivocada, baseada em conceitos puramente visuais, quando, na realidade, ser monstro ou não é algo que provém do interior. Do caráter. E não é preciso ter garras, dentes afiados, escamas ou orelhas pontudas para ser um. Na visão Del Toro, os tais “monstros” são os mais humanos e verdadeiros seres que existem, enquanto o homo sapiens utiliza-se de paradigmas sociais para esconder a sua própria maldade.

A trama se passa nos anos 60, período internacionalmente instável com os Estados Unidos vivendo um conflito político conturbado com a União Soviética na chamada Guerra Fria. Em meio a isso, Elisa (Sally Hawkins) é uma faxineira muda de um laboratório experimental ultra secreto do governo estadunidense que se apaixona por um ser anfíbio descoberto na América do Sul, e levado cativo pelos norte-americanos. Para impedir que a criatura continue sendo mal tratada, ela planeja uma fuga juntamente com seu fiel amigo Giles (Richard Jenkins).

“A Forma da Água”, aos olhos leigos, soa como uma obra estranha, com uma visão deturpada de valores sociais e que romantiza, acima de tudo, a zoofilia. Olha, por um lado não deixa de ser verdade se considerar a criatura como um “animal aquático”. Mas, por outro ângulo, aos olhos de Del Toro – e ele transmite muito bem esse pensamento -, seu “monstro” não é meramente um animal. É um ser com poderes divinos – ele não explica à fundo, o que é ótimo – que se difere da aparência humana, mas cuja bondade excede seu visual. Del Toro cria uma alegoria para pregar o equívoco de se julgar pela aparência. E o faz de maneira romântica, suave e homenageando o cinema. Aliás, esta última característica podemos relacionar com outro sucesso do ano passado chamado “La La Land”. Ambos os projetos contam suas histórias puramente de maneira emocional e usando o legado cinematográfico para reproduzir homenagens, referências e exaltar o poder da linguagem visual do cinema. Temos até um momento em “A Forma da Água” que lembra, e muito, uma sequência de dança de “La La Land”, cuja mesma cena é também uma reprodução de um filme antigo. Resumindo: é o cinema de geração. Obras atemporais que deixaram sua marca, e são retransmitidas sob um novo prisma para a atuação geração. O importante é não perder a essência, e tanto Damien Chazelle em “La La Land”, quanto Del Toro aqui, fazem de tudo para isso não acontecer.

Não é a primeira vez que o cinema cria um romance entre um ser humano e uma criatura diferente da nossa aparência. E algo que Del Toro aborda com perfeição é o desejo mais arcaico da nossa natureza: o sexo. É ele quem nos torna indistintos, e nos faz indiferente em relação a qualquer animal. O que irá diferenciar é justamente a mescla entre o instinto, a racionalidade e a natureza de cada um. Encarnando o vilão da história, o personagem de Michael Shannon é o retrato do verdadeiro monstro. Aquele que possui aparência de humano, mas é frio, impetuoso e disposto a qualquer ato de violência para apresentar um ótimo resultado e se manter no poder.

Tudo bem que Del Toro cria um filme maniqueísta onde cada personagem é tão bem definido em sua personalidade que não há dúvidas sobre quem é quem. Diferente de nós humanos, que somos instáveis e constantemente em duelo entre nossa natureza boa e ruim. Mas não vejo isto como problema. “A Forma da Água” é uma fábula. E como fábula utiliza do maniqueísmo para transmitir uma mensagem, e ressaltar cada elemento dela. O que faz o filme tão envolvente é justamente a condução nostálgica, e romântica, de Del Toro. Sua direção é sensível e carinhosa, e consequentemente envolvente.

Indicado a 13 Oscar, se ano passado não premiaram o agridoce e esperançoso “La La Land”, talvez “A Forma da Água” saia vitorioso como Melhor Filme justamente por ser também um romance otimista, entusiasmado e cheio de esperança. Algo que nos dias atuais – principalmente neste último ano conturbado para Hollywood -, é um escapismo necessário que valoriza as diferenças, o respeito e, principalmente, o amor.

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–> Indicado a 13 Oscar: Melhor Filme, Diretor, Atriz (Sally Hawkins), Ator Coadjuvante (Richard Jenkins), Atriz Coadjuvante (Octavia Spencer), Roteiro Original, Design de Produção, Fotografia, Montagem, Figurino, Mixagem de Som, Edição de Som e Trilha Sonora Original.

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The Shape of Water-EUA

Ano: 2017 – Dirigido por: Guillermo Del Toro

Elenco: Sally Hawkins, Octavia Spencer, Richard Jenkins, Doug Jones, Michael Shannon…

Sinopse: Década de 60. Em meio aos grandes conflitos políticos e transformações sociais dos Estados Unidos da Guerra Fria, a muda Elisa (Sally Hawkins), zeladora em um laboratório experimental secreto do governo, se afeiçoa a uma criatura fantástica mantida presa e maltratada no local. Para executar um arriscado e apaixonado resgate ela recorre ao melhor amigo Giles (Richard Jenkins) e à colega de turno Zelda (Octavia Spencer).