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Opinião: Batman – O Retorno (1992)

Após o imenso sucesso de “Batman” em 1989, Tim Burton ganhou liberdade total para fazer o que bem entender nesta continuação intitulada de “Batman – O Retorno”, lançada em 1992. O filme, podemos dizer, possui 100% identidade Burton em um universo menos parecido com o dos quadrinhos, e mais particular às ideias de seu diretor. Ele é mais sombrio, mais denso e por vezes mais sádico do que o antecessor e foi extremamente importante para estabelecer de uma vez por todas a imagem de um Batman dark no imaginário popular.

Particularmente, “Batman – O Retorno” possui um dos visuais mais lindos de um filme de super-herói. A direção de arte, a fotografia, os figurinos e a maquiagem são de uma beleza ímpar e memoráveis. Mas no que “O Retorno” acerta em produção, ele perde em ritmo e em diversão.

Como muitos, o filme foi um dos marcos da minha infância e assim como outros longas do Batman na época, eu ficava sempre empolgado quando ele ia ser reprisado na televisão. Mas de todos os filmes, quando criança, “O Retorno” era o que menos me empolgava. Os vilões são de um visual inesquecível e icônico, e as interpretações de Danny DeVito como Pinguim e Michelle Pfeiffer como Mulher-Gato são clássicas, mas como vilões eles não empolgam dentro da narrativa, e o Batman de Michael Keaton, me desculpem, é muito ‘pamonha’ em diversos momentos onde espera as coisas acontecerem para depois tomar uma atitude.

Michael Keaton de retour en Batman dans "The Flash" | Le HuffPost

Como falei em meu texto sobre o filme de 1989, super-heróis foram criados para crianças, então todos os filmes do Batman – sombrios ou menos sombrios -, são repletos de decisões bestas que compõem o universo lúdico e infantil proveniente das HQs. Como no filme anterior, os planos dos vilões não saem do superficial de destruir o Batman e dominar a cidade, e não fazem o menor sentido (mas isso é bem quadrinhos e não me incomoda!). O que me incomoda são algumas escolhas de como chegar a este objetivo, como, por exemplo: colocar pinguins para carregar explosivos e destruir Gotham (a começar ter centenas de pinguins no esgoto de uma metrópole, mas ok, estamos falando de um filme com um cara vestido de morcego, então passa).

Se for utilizar as galhofas habituais do gênero, que crie algo realmente empolgante e divertido. Falta a “Batman – O Retorno” aventura. Falta ação. Falta ritmo. Falta heroísmo. É muito mais um drama gótico fantástico de Tim Burton, do que um filme de super-herói advindo dos quadrinhos. Burton nunca foi muito bom em fazer ação, e aqui ele se abdica de boa parte dela para explorar o estranhíssimo que lhe é tão característico. Se por um lado combina com os personagens, por outro deixa a desejar no senso de aventura.

What does Colin Farrell's casting as the Penguin tell us about The Batman? | Movies | The Guardian

Sem falar que com Burton em total liberdade criativa, o diretor – que não é um leitor assíduo de quadrinhos – parece acreditar em um surgimento literal dos vilões. Para ele, se o personagem se chama Pinguim ele deve ser então um animal Pinguim, ou a Mulher-Gato deve ser mordida por gatos para se transforma na… Mulher-Gato! Mas isto também não me incomoda pois faz parte da fantasia e da liberdade de autor.

Nunca defendi que um filme deve ser fiel aos quadrinhos. Assim como nas páginas dos gibis, onde existem inúmeras versões de um mesmo personagem ao longo das décadas, no cinema o realizador deve ter liberdade para criar a sua adaptação – e Batman é o maior exemplo desta diversidade. Goste ou não, Burton criou aqui o seu Batman, o seu Pinguim, a sua Mulher-Gato e o seu universo próprio. Eu gosto muito desta visão e ousadia, mas, repito, meu maior problema com o filme é ele ter deixado o espírito aventureiro de lado, afinal, acima de tudo, continua sendo um filme de super-herói.

How Batman Returns Upset McDonald's - Den of Geek

Batman Returns/1992 – EUA

Dirigido por: Tim Burton

Com: Michael Keaton, Danny DeVito, Michelle Pfeiffer, Christopher Walken…

Sinopse: Com o objetivo de manipular Gotham City, um milionário (Christopher Walken) tenta transformar o Pinguim (Danny DeVito), um ser deformado que tinha sido abandonado ainda bebê nos esgotos, em prefeito da cidade. Como se isto não bastasse, surge a Mulher-Gato (Michelle Pfeiffer) que, apesar de ser linda e sedutora, também tem dupla personalidade, em razão de problemas no passado. Ambos se tornam verdadeiros pesadelos para Batman no presente.

Batman: O Retorno - 3 de Julho de 1992 | Filmow
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Opinião: Batman (1989)

Talvez se assistidos hoje os filmes antigos do Batman – principalmente os dirigidos por Tim Burton – vão soar menos como uma versão sombria do personagem, e mais como um episódio ‘cartoonesco’ de uma série do Homem Morcego, mas ainda assim, este “Batman” de 1989 possui importância fundamental para o personagem no cinema e em como o público, a partir dali, iria enxergar o herói mascarado.

A série dos anos 60 foi importante e essencial para tornar o personagem popular, mas com as mudanças ocorridas nos quadrinhos – onde as histórias do Batman ganhavam aspectos mais dramáticos e sombrios (saudações Frank Miller) -, a Warner desejava revitalizar o herói e levá-lo com esta nova visão aos cinemas. Filmes de super-heróis não eram populares na época, mas Batman era um personagem extremamente conhecido e valia o investimento – ainda que fosse um risco. Tim Burton vinha do sucesso de “Os Fantasmas Se Divertem”, cuja visão sombria e gótica mesclada com cinismo e irreverência, chamaram a atenção dos executivos da Warner que acreditaram no diretor para levar o projeto adiante e adaptá-lo para as telonas.

Batman (1989) – Rakuten TV
(Foto: Reprodução/Warner Bros)

Logo de cara Burton surpreendeu a todos e escalou Michael Keaton (conhecido por comédias e o protagonista de “Os Fantasmas Se Divertem”) como Batman – ainda bem que não tinha internet na época pois as reclamações seriam exaustivamente maiores, já que Keaton não possui perfil, estatura nem beleza de um Bruce Wayne/Batman. Na época a Warner recebeu milhares de cartas pedindo a retirada do ator. Mas a escolha polêmica de Burton não sofreu tanto pois o filme tinha, acima de tudo, Jack Nicholson escalado para ser o vilão Coringa. Nicholson é um dos grandes atores de Hollywood, e na época continuava no auge. Sua presença no projeto era sinônimo de retorno financeiro, e com seu apoio a Burton, o desenvolvimento do filme ficou menos complicado. Nicholson não apenas assinou contrato para atuar, mas fez também um acordo para receber parte da bilheteria. Resultado? Foi o ator mais bem pago da época com um salário que passava dos 50 milhões fácil, fácil.

Como filme, “Batman” não é perfeito. Keaton, sim, não possui aparência nem imponência como Batman e Bruce Wayne mas, de maneira estranha, sua encarnação do herói funciona naquele mundo e seu carisma tornam o personagem mais atraente (de todos os Batmans dos anos 90, Keaton supera de longe as versões de Val Kilmer e George Clooney – e olha que estes dois tinham a aparência para tal). Mas se Keaton funciona é porque o longa é assertivo ao nos transportar para um universo completamente lúdico e totalmente desconectado da realidade – uma verdadeira fantasia.

Check out this revealing, 25-year-old interview with Batman producer Jon Peters
(Foto: Reprodução/Warner Bros)

Burton aqui não quer fazer um filme realista, muito pelo contrário, desde sua Gotham City gótica arte déco até a representação das cores e luzes de seus cenários, sua intenção é nos levar para um mundo adaptado dos quadrinhos com estes personagens extremamente galhofas. Um homem vestido de morcego? Um quarentão que se pinta de palhaço? Burton não adentra na auto ironia, mas pega o conceito e o adapta com seriedade, mas sem ser dramaticamente pesado ou enjoativo. É leve como histórias de super-heróis. É o clássico vilão contra mocinho. Os planos do Coringa não fazem sentido, o Batman e suas resoluções amorosas não fazem sentido, mas entendendo o objetivo de diversão simples do filme, e entendendo que histórias em quadrinhos são/foram originalmente criadas para crianças, “Batman” é uma fantasia divertida, besta, mas cheia de momentos singulares.

Só acho que Burton não dirige tão bem cenas de ação (nunca dirigiu), e perde a oportunidade de criar momentos mais ágeis e envolventes com o personagem. E se o embate clássico entre Batman e Coringa é pura diversão ‘cartoonesca’, os momentos dramáticos entre Bruce Wayne e seu interesse amoroso Vicki Vale (Kim Basinger) são todos entediantes.

Joker Shoots Bruce Wayne - Batman (1989) Movie CLIP HD - YouTube
(Foto: Reprodução/Warner Bros)

Particularmente, não vivi a época de estreia do filme nos cinemas em 1989, mas meu pai e tios que vivenciaram o período dizem que foi um divisor de águas para o herói. Um sucesso que lotava todas as sessões, inclusive durante a semana. Mas me lembro de ficar empolgado sempre que o longa era reprisado na televisão quando criança. Já deixava combinado com o meu pai que iria assistir ao filme, e por isso, ia dormir tarde – no dia seguinte tinha escola pela manhã. Mas dormia feliz.

Apesar de tudo aquilo que pode ser considerado “datado” hoje em dia, “Batman” é um marco e um filme que, ainda hoje, me prende a atenção e me diverte mesmo com todos os problemas e escolhas “estranhas” bem Tim Burton. Um clássico sem dúvida!

Disponível para assistir no HBO MAX. 

Batman/EUA – 1989

Dirigido por: Tim Burton

Com: Michael Keaton, Jack Nicholson, Kim Basinger…

Sinopse: Em Gotham City o milionário Bruce Wayne (Michael Keaton), que quando jovem teve os pais assassinados por bandidos, resolve combater o crime como Batman, o Homem-Morcego. Mas chega o dia em que o vilão Coringa (Jack Nicholson) decide dominar a cidade e se torna um grande desafio para o super-herói.

Batman (1989) HD Wallpaper From Gallsource.com | Batman movie, Batman, Batman film
(Foto: Reprodução/Warner Bros)
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Opinião: Friends – The Reunion | HBO Max

Sou um tanto quanto chato com séries de comédia, e “Friends” era uma dessas que de tanto as pessoas falarem, nunca me interessei. Até que começou o surto da pandemia, a quarentena foi instaurada e ficamos alguns meses parados dentro de casa no começo de 2020. Foi aí que aproveitei para colocar muita coisa em dia, e “Friends” foi uma dessas investidas. Resultado? Gostei! O elenco tem química e carisma e possui juntos – o que é essencial para uma sitcom -, e principalmente Matt LeBlanc e Matthew Perry funcionam demais e com o passar das temporadas são, de fato, os menos chatos e cansativos.

Apesar de ter me divertido e gostado, “Friends” possui um sério problema de repetir excessivamente os dramas e as piadas. O vai e vêm de relacionamentos chega a ser cansativo e chato, além de soar repetitivo e menos engraçado quando se é feito por 10 temporadas. Mas a série não deixa de ter os seus méritos, e no geral me proporcionou um escape necessário para o momento, e foi gratificante.

Então, como reacender a chama no coração de quem estava com saudades de “Friends”? Bem, vamos fazer uma reunião do elenco no cenário onde era gravado a série! O resultado é pura nostalgia e um especial que é feito, exclusivamente, para quem é fã. Os atores falam sobre como eram as gravações, as vergonhas que já passaram nos bastidores, além de relembrarem alguns momentos icônicos da série.

Por um lado, é divertido criar dinâmicas e colocar o elenco para ler cenas encarnando os seus respectivos personagens, além de responder perguntas utilizando o mesmo game jogado no seriado (algo que o especial de “Um Maluco no Pedaço” deixou a desejar). Mas por outro lado, mesclar isso com o elenco sentado em um sofá sendo entrevistado por James Corden é um tanto quanto broxante. Particularmente, gosto de Corden, mas ele não tem absolutamente nenhuma relação com a série. Se era para criar o formato ‘talk show’ que fosse com algum ator coadjuvante do seriado (que aliás, são usados pessimamente ao longo do reencontro).

O mais irônico disso tudo é que James Corden, logo na semana seguinte, postou um vídeo no canal de seu programa entrevistando o elenco de Friends (uai, outra reunião tão rápida assim?). Particularmente, considero uma decisão muito cômoda e preguiçosa em utilizar um apresentador de talk show para entrevistar os atores, enquanto outras tantas participações marcantes que tivemos ao longo dos 10 anos de “Friends” nem foram lembradas. E as que são aparecem no melhor estilo ‘piscou perdeu’.

Friends: The Reunion/2021

Dirigido por: Ben Winston

Com: Jennifer Aniston, Courtney Cox, Lisa Kudrow, Matthew Perry, Matt LeBlanc, David Schwimmer, etc.

Friends - The Reunion' ganha trailer e pôster oficial; confira - 19/05/2021 - Cinema e Séries - F5
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Opinião: Um Maluco no Pedaço – O Reencontro | HBO Max

“Um Maluco no Pedaço” é um dos seriados mais marcantes de comédia em minha vida, e também, podemos dizer, da televisão norte-americana. Estrelada por Will Smith, a série não foi a primeira protagonizada por atores negros a alcançar altos índices de audiência e se tornar um sucesso absoluto, mas é uma das poucas que conseguiram se destacar em uma indústria dominada predominantemente por sitcomns com atores caucasianos – principalmente nos anos 90.

No Brasil, se tornou uma das séries mais reprisadas ao longo dos anos e formou toda uma geração de fãs no período em que a televisão reinava como entretenimento maciço nas nossas casas. E o show merece todos os méritos. O conceito de sitcom (situation comedy) é simples e para funcionar precisa, acima de tudo, de um elenco em plena sintonia e com ótimo timing cômico. Felizmente, todos os personagens de “Um Maluco no Pedaço” possuem ótimo tempo de comédia e são extremamente entrosados e engraçados juntos. Tudo funciona.

Após 30 anos desde o término do show – que durou por 6 temporadas, de 1990 até 1996 -, a Warner/HBO preparou um reencontro do elenco para conversar sobre as filmagens, bastidores e relacionamentos que se desenvolveram ao longos dos anos de seriado – bem como problemas com atores e desavenças que afetaram a dinâmica da série e até mudança no elenco principal.

Muito drama, muita nostalgia e muita emoção compõem o reencontro de “Um Maluco no Pedaço”. Tudo aqui é feito para quem é fã, conhece e gosta desses atores e seus respectivos personagens. Não temos um novo episódio, nem nada de surpreendente que já não tenhamos acompanhado antes. O que faz valer a experiência é justamente assistir ao elenco reunido batendo papo e resolvendo os ressentimentos do passado.

Por um lado, o coração de fã bate forte e se alegra, mas por outro, chega a ser uma oportunidade perdida por não colocar esses atores para reviver momentos da série, refazer cenas e utilizar figurinos através de dinâmicas que ajudariam o especial a ter um clima mais divertido e engraçado. Melhor do que apenas sentar em um sofá e conversar sobre os velhos tempos (apesar disto ser gratificante).

No geral, vale para matar a saudade já que, no caso de “Um Maluco no Pedaço”, o elenco completo nunca esteve – pelo que eu me lembre – reunido todo junto em um mesmo local após o fim da série. Infelizmente, quem não está presente é James Avery (o tio Phil) que faleceu em 2013 vítima de complicações decorrentes de uma cirurgia cardíaca. Mas o especial faz jus ao lembrá-lo em um momento tocante com os atores.

Disponível para assistir no HBO Max. 

The Fresh Prince of Bel-Air Reunion/2020

Dirigido por: Marcus Raboy

Com: Will Smith, Alfonso Ribeiro, Joseph Marcell, Janet Hubert, Karyn Parsons, Daphne Reid, etc.

The Fresh Prince of Bel-Air Reunion Special is on HBO Max. - Press Pass LA
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Opinião: Luca | Disney+

Novo projeto original da Pixar, “Luca” é uma jornada sobre amizade, respeito, amor, carinho e aceitação em meio a paisagem linda da Riviera Italiana de uma cidadezinha perto de Gênova. Na trama, Luca é um ser marinho que quando está fora da água consegue adquirir a forma humana. Após conhecer Alberto (também um ser marinho), ambos decidem ir até a vila dos humanos com o sonho de conseguir uma Vespa (famosa motocicleta italiana). O problema é que os humanos consideram sua espécie como monstros marinhos, e estão à caça das criaturas, portanto, eles não podem revelar sua verdadeira forma.

Dirigido por Enrico Casarosa a partir de uma história inspirada na infância do próprio diretor, “Luca” é repleto de ensinamentos valiosos. A Pixar sabe lidar com temas humanos e pessoais sem soar boba ou cafona, e “Luca” fala sobre amadurecimento, infância, aprendizado, respeito, amizade e, principalmente, entender o seu valor com bastante lirismo, beleza e sentimentos. Aliás, a grande mensagem do roteiro da animação é sobre aceitação. O filme não expõe, mas claramente os personagens de Luca e Alberto representam pessoas vítimas de preconceito, racismo e rejeição por causa da aparência, ou da cor da sua pele, ou da orientação sexual, ou de qualquer ato ou pensamento que difere daquilo que é considerado padrão.

Mas em meio a toda esta temática valiosa, o filme perde muito em ritmo quando os personagens vão até a cidade dos humanos. Primeiro: falta mais espírito de aventura e melhor desenvolvimento dos personagens. E segundo: o vilão é patético, chato e artificial. Um personagem que sempre é o mesmo tom, e sem o mínimo de profundidade que nos ajude a entender os motivos de ser tão asqueroso, desrespeitoso e mal educado.

“Luca” possui qualidades louváveis, mas é um desses projetos que falta a faísca Pixar. É bom, divertido e competente, mas não tão memorável ou marcante dramaticamente falando como outros projetos do estúdio (e olha que tivemos “Soul” ano passado). Porém, é um filme mágico quando resolve falar sobre sonhos e explorar a amizade extasiante entre os protagonistas, e que se torna a força motriz da narrativa. Um filme que ensina a importância de se aceitar como é, encarar os desafios e preconceitos, e nunca desistir. Além, claro, de mostrar que amar alguém é entender esta pessoa, e respeitar suas escolhas.

Disponível para assistir gratuitamente no Disney+.

Luca/EUA – 2021

Dirigido por: Enrico Casarosa

Vozes no original: Jacob Tremblay, Jack Dylan Grazer, Maya Rudolph…

Sinopse: Em Luca, acompanhamos uma história de amadurecimento sobre um jovem que vive um verão inesquecível repleto de sorvetes, massas e passeios intermináveis de scooter. Luca compartilha essas aventuras com seu novo melhor amigo, mas toda a diversão é ameaçada por um segredo profundamente bem guardado: eles são monstros marinhos de outro mundo, logo abaixo da superfície da água.

Luca (2021) - Rotten Tomatoes
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Opinião: Velozes e Furiosos 9 (Fast and Furious 9)

Quem me conhece sabe o quanto gosto, e me divirto, com os filmes da franquia “Velozes e Furiosos”. E sou desses que gosta mais ainda quando os longas abraçaram o exagero de tramas de assalto e sequências mentirosas de ação pelo mundo, do que quando era essencialmente apenas corrida. Para mim, acima de tudo, a essência do cinema é esta: viver o inimaginável. E quando este inimaginável é criativo e bem realizado, o resultado sempre é compensatório. A franquia “Velozes” entrega justamente este tipo de prazer. Filmes com sequências de ação empolgantes, divertidas e bem feitas em um produto que não tem vergonha de assumir a pieguice e o drama cafona sobre família que, de tanta insistência, o público abraçou.

“Velozes e Furiosos 9” possui todos os elementos essenciais que tornaram os últimos filmes sucessos estrondosos de bilheteria. A cada novo longa o objetivo é elevar a dose de nitro e exagerar mais, e ao mesmo tempo, o roteiro trabalha superficialmente, mas com respeito, os dramas familiares com idas e vindas de personagens conhecidos. E, claro, se alguns diziam que o próximo passo era o espaço… bem… o céu não é mais o limite pelo que parece (aplaudi no cinema com um sorriso no rosto!).

Mas ao mesmo tempo em que “Velozes 9” engata alguns poucos momentos divertidos, o filme parece sofrer de uma seriedade muito maior do que os outros. O roteiro investe profundamente em uma história de irmãos entre Vin Diesel e John Cena e se leva a sério demais grande parte do tempo, limitando os momentos de diversão e arrastando a história em uma narrativa dramática demais (mostrando que Dwayne ‘The Rock” Johnson e Jason Stathan fazem muita falta). Temos até flashback com os personagens de Diesel e Cena mais jovens – aliás, momentos estes vividos por atores que não lembram em absolutamente nada os respectivos astros de ação.

E chega certo momento em que a falta de consequências para determinados personagens soa forçada e tira qualquer credibilidade acerca de possíveis perdas dentro deste universo de ‘super humanos’ liderado por Diesel. Personagens morrem, mas depois voltam e recebem explicações estapafúrdias e simplesmente temos que aceitar. Mas ok, “Velozes e Furiosos” se tornou algo tão a parte (tipo: filmes da Marvel), que relevamos muita coisa para simplesmente se divertir e esquecer nossos problemas do cotidiano por um pouco mais de duas horas.

Foram anunciados mais dois filmes, sendo o décimo primeiro aquele que irá encerrar de uma vez por todas a franquia com estes personagens. Se levar em conta a credibilidade das mortes nos filmes de “Velozes”, isso tudo é papo furado. Mas caso realmente aconteça, espero que reúnam todos os personagens possíveis que apareceram nos filmes para um momento memorável à lá “Vingadores: Ultimato”.

Apesar de ser levar a sério demais com um drama de novela mexicana que cansa, “Velozes e Furiosos 9” vale pela ação e o exagero – afinal, foi para isso que paguei o ingresso!

Fast and Furious 9/EUA – 2021

Dirigido por: Justin Lin

Com: Vin Diesel, Michelle Rodriguez, John Cena, Charlize Theron, Helen Mirren, Tyrese Gibson, Ludacris…

Sinopse: Em Velozes & Furiosos 9, Dominic Toretto (Vin Diesel) e Letty (Michelle Rodriguez) vivem uma vida pacata ao lado de seu filho Brian. Mas eles logo são ameaçados pelo passado de Dom: seu irmão desaparecido Jakob (John Cena). Trata-se de um assassino habilidoso e motorista excelente, que está trabalhando ao lado de Cipher (Charlize Theron), vilã de Velozes & Furiosos 8. Para enfrentá-los, Toretto vai precisar reunir sua equipe novamente, inclusive Han (Sung Kang), que todos acreditavam estar morto.

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Opinião: A Costa do Mosquito – 1ª temporada | Apple TV+

“A Costa do Mosquito” é o livro mais famoso do autor norte-americano Paul Theroux. Foi, inclusive, adaptado para o cinema em 1986 com um filme estrelado por Harrison Ford. Agora depois de anos, a obra ganha nova reimaginação através desta série do Apple TV+ e estrelada pelo sobrinho do autor do livro, o ator Justin Theroux.

A história tem inúmeras criticas sociais ao sonho norte-americano, ao consumismo frenético e ao sedentarismo de uma população moderna que dia após dia torna-se mais ansiosa, obcecada e acomodada. Na trama, Allie Cox (Justin Theroux) é um inventor genial e um fervoroso crítico ao estilo de vida imperialista norte-americano. Ele é contra o materialismo opressor, religiões organizadas, os filhos são proibidos de assistir televisão e são educados em casa, ou seja, Allie é um sujeito radical em sua forma de pensamento e que, devido a isso, decide sair de casa e se mudar dos EUA. Junto com a esposa e os filhos, eles vão para Honduras, e lá, em meio a selva, Allie vai criar a sua própria utopia movida pelas próprias regras.

O livro de Paul Theroux aborda temas diversos e extremamente pertinentes ao nosso momento atual. A série do Apple TV+ realiza algumas mudanças de cenário (agora não é Honduras, mas o México) e de situações, e adiciona sub tramas que colaboram para criar mistério e tensão. Aqui, Allie e a família estão sendo perseguidos pelo governo norte-americano, e durante a fuga, eles vão se deparar com policiais, carteis mexicanos e assassinos profissionais.

O seriado é uma grata surpresa e adapta não somente com respeito o material literário, como o faz agregando adições que favorecem o formato de série – apesar de existirem situações que se estendem além do necessário e se resolvem de maneira forçada (a fuga da casa de uma líder de cartel necessita de muita suspensão de descrença!).

Mas no geral, “A Costa do Mosquito” é um seriado que trabalha muito bem seu mistério e suspense, e desenvolve com competência os personagens protagonistas. Se a esposa de Allie era apenas uma mãe que cuidava dos filhos no livro, aqui, Margot Fox (Melissa George) ganha papel importante na ação, e os próprios filhos (agora apenas dois) ganham nuances e aprofundamento relevantes no drama familiar.

A série tem potencial para ter uma 2ª temporada ainda melhor, com um desenvolvimento maior das ambiguidades e obsessões do personagem de Allie, e como isto vai desencadear consequências ainda mais tempestuosas para sua família. Enfim, já estou ansioso!

The Mosquito Coast Season 1/EUA – 2021

Número de episódios: 07

Criado por: Tom Bissell, Neil Cross

Com: Justin Theroux, Melissa George, Logan Polish, Gabriel Bateman…

Minissérie baseada em A Costa do Mosquito ganha novo trailer tenso
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Opinião: Espiral – O Legado de Jogos Mortais (Spiral)

“Espiral” poderia muito bem se chamar “Jogos Mortais” com algum subtítulo qualquer, já que o longa é cheio de repetições e ideias ancoradas no mesmo universo. Temos Chris Rock Samuel L. Jackson que trazem evidência para um elenco que nos filmes anteriores nunca teve atores conhecidos, e por mais que a história até tente seguir caminhos distintos com momentos mais investigativos, ao fim “Espiral” nunca sai da sombra da franquia iniciada em 2004.

Rock interpreta Zeke Banks, policial que está sendo alvo de recriminação dos colegas após ter relatado o comportamento de um policial corrupto. Certo tempo depois, vários policiais deste distrito começam a morrer de forma violenta, e acredita-se que o sujeito seja um copiador de Jigsaw (essa trama até já foi feita no filme anterior chamado “Jogos Mortais – Jigsaw”). Mas assim que as investigações avançam, Zeke vai perceber que as vítimas são pessoas próximas e relacionadas a ele.

O primeiro “Jogos Mortais” é excelente e nos entrega uma experiência repleta de angústia e sadismo, e com um final surpreendente. O segundo também vale a pena pois mantém coerência e continuidade com o longa anterior. Mas do terceiro filme em diante tudo se torna mais do mesmo, e apenas meras justificativas para cenas de violência gráfica e sanguinolência.

Em “Espiral”, a ideia vendida foi a de um filme que iria trazer um conceito novo para a franquia, mas como já dito, a obra em nenhum momento se desprende de “Jogos Mortais” e opta por caminhos comuns e repetitivos que já não causam mais impacto. O retorno do diretor Darren Lynn Bousman à franquia é outra confirmação da falta de desejo do filme em andar com as próprias pernas, já que Bousman também dirigiu “Jogos Mortais 2, 3 e 4”.

E se você gosta do gênero e assiste com frequência filmes investigativos, logo vai entender o mistério e descobrir quem é o assassino. O enredo segue uma fórmula tão previsível que na sequência como apresenta os assassinatos entrega de bandeja o culpado para o público. Só prestar atenção.

Em exibição nos cinemas, “Espiral – O Legado de Jogos Mortais” é outro exemplar fraco, esquecível e descartável de uma franquia que nem divertir sadicamente consegue mais.

Spiral – From The Book of Saw/EUA – 2021

Dirigido: Darren Lynn Bousman

Com: Chris Rock, Samuel L. Jackson, Max Minghella…

Sinopse: Em Espiral – O Legado de Jogos Mortais, o detetive Ezekiel “Zeke” Banks (Chris Rock) se une ao seu parceiro novato Willem (Max Minghella) para desvendar uma série de assassinatos terríveis que estão acontecendo na cidade. Durante as investigações, Zeke acaba se envolvendo no mórbido jogo do assassino. Ele percebe que o serial killer é um imitador determinado a seguir os passos do assassino Jigsaw (Tobin Bell).

Espiral – O Legado de Jogos Mortais ganha pôster e nova data de estreia no  Brasil - NerdBunker
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Opinião: Sweet Tooth – 1ª temporada – Netflix

Baseado nas histórias em quadrinhos da DC Comics criada por Jeff Lemire, “Sweet Tooth” é uma fábula que mescla diversos estilos e consegue trazer alento, esperança e espirito de aventura em um período onde precisamos cada vez mais da arte para nos apaziguar.

Certo dia na história da humanidade, um vírus se espalha e começa a erradicar grande parte da população. Mas ao mesmo tempo, inesperadamente, bebês parte humanos, parte animais começam a nascer. Chamados de híbridos e sem o mundo entender as razões para tal fenômeno, muitos começam a culpar as novas crianças pelo vírus, e diante disso, os híbridos passam a ser caçados e assassinatos.

Após uma uma década vivendo com segurança em uma casa isolada na floresta com seu pai, um menino-cervo híbrido chamado Gus (Christian Convery) é levado para uma aventura fora da floresta onde irá conhecer um sujeito alto chamado Tommy Jepperd (Nonso Anozie). Gus quer ir até o Colorado para conhecer sua mãe, e durante o percurso, ambos irão enfrentar seres humanos violentos, mas também vão conhecer pessoas boas que estarão dispostas a ajudar na aventura.

“Sweet Tooth” vai muito além de sua simples sinopse. É uma série que abraça a aventura e sabe muito bem construí-la, e consegue passear por outros estilos com sobriedade e sem exageros narrativos. O show é uma fábula mágica sobre este personagem que precisa encarar um mundo hostil, mas que se surpreende ao encontrar boas pessoas nele.

A série de quadrinhos foi publicada entre os anos de 2009 e 2013. Existir um vírus e uma pandemia em evidência na história é uma dessas coincidências curiosas com nosso momento atual, e que naturalmente colaboram para um contexto mais identificável com o público. Mas o grande trunfo do seriado, em minha opinião, é a maneira com que o enredo trabalha o desenvolvimento de cada personagem, e as temáticas relacionadas ao convívio humano.

Diante do inesperado, a raça humana sempre foi tendenciosa a culpar sem provas, e a buscar maneiras mais fáceis de apontar dedos e encontrar culpados. Os híbridos são uma amálgama dos diversos grupos frequentemente excluídos e erradicados que surgiram ao longo da humanidade. Mas em nenhum momento o seriado entra em território panfletário, ou tendencioso, com a ambição de criar uma história para pregar ao público sobre representatividade. Ela está ela, é claramente relacionada, mas a jornada pessoal de cada personagem é o maior foco e somos levados à uma aventura emocionante.

O elenco é um primor e magistralmente escolhido. Desde o protagonista interpretado pelo garotinho Christian Convery, passando por seus amigos encarnados por Nonso Anozie e Stefania LaVie Owen, até personagens coadjuvantes vívidos pelos ótimos Adeel Akhtar, Will Forte, Naledi Murray, Dania Ramirez e outros. Destaque também para a excelente narração de James Brolin.

Só me incomoda alguns clichês habituais de seriado – até de filmes – que são situações onde sempre alguém aparece no último momento para salvar determinado personagem. Em algumas cenas, a falta de consequências mais pesadas para alguns protagonistas diminui um pouco a severidade dos vilões.

“Sweet Tooth” é uma mistura de fantasia, contos de fadas, utopia apocalíptica, road movie e drama familiar. Ter um narrador já nos leva para um mundo de “Era uma vez…” mas construído aqui com sensibilidade, equilíbrio e sutileza. Apesar de se passar nos EUA, a série foi filmada na Nova Zelândia e utiliza com maestria as paisagens exuberantes da região (que ficaram conhecidas após Peter Jackson transformá-las na Terra Média de “O Senhor dos Anéis”).

Enfim, um desses seriados tão graciosos e gostosos de assistir que o tempo passa rápido, e quando termina, ficamos querendo mais.

Sweet Tooth Season 1 – EUA

Criado por: Jim Mickle, Beth Schwartz

Número de episódios: 08

Sweet Tooth ganha trailer emocionante e pôster - NerdBunker

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Opinião: Alice e Peter – Onde Nascem os Sonhos (Come Away)

“Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos” é um filme que propõe contar como se deu a origem dos contos clássicos de Peter Pan e Alice no País das Maravilhas sob o desenvolvimento da história destes dois irmãos (Peter e Alice) e seus problemas familiares. É uma reimaginação válida, e até interessante, mas que nunca consegue alcançar um ápice necessário que uma fantasia exige, e se perde em dramas que tornam a experiência cansativa para as crianças e adultos. Nada aqui é de fato empolgante ou envolvente. Tanto que um filme de fantasia que mescla duas tramas conhecidas e com Angelina Jolie no elenco passar desapercebido dos cinemas… é um mau sinal. 

A questão é que “Alice e Peter” é um filme barato. Aposta em uma construção de época muito bem feita, com cenários e figurinos bem feitinhos, mas não tem financeiro para criar a fantasia e os efeitos necessários. Ao colocar as crianças em uma jornada para ajudar seus pais que estão com problemas financeiros, e no casamento (após uma tragédia), o filme nunca saí de um drama arrastado, e deixa de lado o senso de aventura, a fantasia e a magia necessária para explorar os mundos de Peter Pan e Alice. 

As próprias soluções finais para levar Alice e Peter ao seus respectivos universos soam abruptas e jogadas pelo roteiro. E se não tem condições de gastar milhões com efeitos especiais, crie a fantasia e os mundos mágicos utilizando bons e velhos cenários feitos a mão – algo que Hollywood fazia muito bem em seu passado. Algo que o longa “Pinóquio com Robert Begnini conseguiu de certa maneira recriar ano passado – tudo com efeitos práticos, maquiagem e figurino. 

Mas “Alice e Peter – Onde Nascem os Sonhos” nunca abraça a fantasia, mas fica restrito a um drama familiar comum e repetitivo. As justificativas para relacionar certos personagens a outros nomes conhecidos das históricas clássicas em questão é vergonhosa, não faz sentido e não tem preparação alguma. Elas existem porque a roteirista Marissa Kate Goodhill quis. Este é o primeiro filme live-action dirigido por Brenda Chapman, que conseguiu resultados melhores quando dirigiu as animações “Valente” e “O Príncipe do Egito” (seu melhor trabalho até hoje). 

Come Away/Reino Unido – 2021

Dirigido por: Brenda Chapman

Com: Angelina Jolie, David Oyelowo, Michael Caine, Jordan Nash, Keira Chansa…

Sinopse: Antes de Peter se tornar Pan e Alice visitar o País das Maravilhas, eles eram irmãos que viviam em uma idílica casa de campo com seus pais e seu irmão mais velho. Após a trágica morte do irmão, Alice (Keira Chansa) e Peter Pan (Jordan Nash) decidem ajudar seus pais, Rose (Angelina Jolie) e Jack (David Oyelowo), a superarem a dor dessa perda tão traumática.

Crítica: “Alice e Peter: Onde nascem os Sonhos” | AToupeira