Não vá começar a série esperando algo como o filme alemão de 2008 chamado “A Onda”, ou do livro homônimo escrito pelo norte-americano Todd Strasser, que foi lançado em 1981 e serviu de base tanto para o longa e, agora, também para esta série.
O filme segue a estrutura do livro ao mostrar um professor de colegial que vai ensinar sobre autocracia e seus alunos não acreditam que na Alemanha moderna seja possível surgir um regime ditadorial. Até que o professor cria um experimento dentro de sala para mostrar como é fácil manipular as massas, porém, o experimento foge do âmbito escolar e ganha proporções poderosas ao influenciar muitos jovens.
Diferente do filme de sucesso, o seriado reinventa o material original quase por completo. Não temos um professor como fio condutor, mas um grupo de alunos de diferentes estereótipos (o bonitão rebelde e sem grana, o gordinho, o muçulmano, a tímida e a menina riquinha) que irão iniciar um movimento chamado A Onda, para bater de frente com o racismo, o bullying e a ideia de supremacia branca defendida por alguns alunos na escola onde estudam.
Sou a favor de reinventar um material e não, necessariamente, refazer o que já foi apresentado tão bem. Principalmente quando a reinvenção é bem realizada. “Nós Somos a Onda” possui um ritmo envolvente, um objetivo claro de sua ideia e também personagens com peso emocional, e razões, para começar a Onda.
Já outros não me convencem tanto, como, por exemplo, a garota riquinha do grupo (e a personagem feminina protagonista da série), que apesar de ser convencida pelos ideais de justiça, e igualdade, do grupo sempre volta para a mansão onde mora, com uma vida confortável, onde não trabalha e tem tudo pago pelos pais ricos. O mínimo seria ela deixar a casa e lutar para conquistar as próprias coisas, sentir na pele o difícil lado dos desfavorecidos e sem privilégios que trabalham horas por uma merreca de salário. Sua posição na série é um tanto quanto, digamos, hipócrita. De longe é a pior personagem do show. Diferente dos outros personagens onde realmente existem motivos e problemas discernentes com o pessoal de cada um.
Mas apesar disso, “Nós Somos a Onda” explora algo que o filme de 2008 e o livro não usaram: a influência e uso da tecnologia. Numa época onde celulares e redes sociais ditam tendências e, infelizmente, em muitos casos, incitam mais e mais a violência e as divisões sociais, o seriado acerta ao colocar a tecnologia como parte importante da ação – apesar também de facilitar muita coisa para a polícia, mas que aqui na série o detetive ou os demais policiais são bestas que só vendo. Enfim…
Com apenas 6 episódios, “Nós Somos a Onda” estabelece bem ótimas ideias com um ritmo ágil e uma trilha sonora que só tem músicas boas (vale a pesquisa!).
Que venha a segunda temporada!
Wir Sind Die Welle/ALEMANHA
DISPONÍVEL NA NETFLIX
Número de episódios: 06
Criado por: Jan Berger, Dennis Gansel, Peter Thorwarth
Elenco: Ludwig Simon, Luise Befort, Michelle Barthel, Mohamed Issa, Leon Seidel…
Sinopse: Um misterioso colega lidera quatro adolescentes idealistas contra uma onda crescente de fervor nacionalista, mas o movimento sai do controle.