Opinião: Gran Turismo (2023)

Inspirado no jogo homônimo de videogame da PlayStation, “Gran Turismo” é um ótimo material derivativo e de divulgação das marcas envolvidas. Ele consegue ao mesmo tempo colocar os desavisados à par das intenções por trás da criação do jogo (e como isto foi feito), como também traz uma história real inspiradora para corroborar a criação do mesmo. É o melhor dos dois mundos!

No frigir dos ovos, este filme do diretor Neill Bloomkamp (Distrito 9) não foge da fórmula dos filmes de esporte e entrega o óbvio do óbvio. Já sabemos o que vai acontecer do início ao fim, e até mesmo as motivações e dramas em torno dos personagens (principalmente do protagonista) são desde o início previsíveis.

No entanto, ainda assim, “Gran Turismo” funciona e entrega uma diversão envolvente e eficiente. É um filme de corrida bem filmado e com ritmo capaz de nos deixar torcendo, e empolgados, com suas corridas. E Bloomkamp é criativo ao utilizar o estilo visual do game dentro das cenas de corrida de maneira nada forçada ou fora de contexto.

Gran Turismo/EUA – 2023

Dirigido por: Neill Bloomkamp

Com: David Harbour, Orlando Bloom, Archie Madekwe…

Sinopse: Gran Turismo – De Jogador a Corredor é um filme norte-americano de ação e drama que leva o nome da franquia de jogos homônima iniciada em 1997. Dirigido por Neill Blomkamp, ​​o longa é baseado em uma história da vida real diretamente relacionada aos jogos. Na produção, conhecemos o jovem Jann Mardenborough (Archie Madekwe), cujas habilidades impressionantes no Gran Turismo o levaram de jogador a corredor profissional. Desde sua adolescência, Jann era apaixonado pelo game, acostumado a jogá-lo no console, mas suas habilidades cresceram de tal forma que o levaram a viver uma verdadeira fantasia improvável. Ele foi convidado pela Nissan para participar de uma série de competições que buscavam tornar jogadores em verdadeiros pilotos de corrida profissional. Se destacando cada vez mais e nunca parando de correr atrás da realização de seus desejos, o jovem desafiará o impossível, encontrando a motivação necessária em um grupo que também acredita no seu potencial.

Opinião: Besouro Azul (2023)

“Besouro Azul” está longe de ser uma bomba como os recentes “Homem-Aranha 3” e “Shazam 2”, mas é um desses filmes de super-heróis que não fede nem cheira. Aliás, é um filme sem total personalidade que já começa no visual do herói que nitidamente é um genérico de Homem de Ferro, como também o vilão com quem luta é uma reprodução qualquer coisa dos vilões do personagem imortalizado no cinema por Robert Downey Jr.

O filme não chega a ser péssimo porque ele encontra força no núcleo familiar que é bacana, tocante e divertido, e é ele que injeta ao filme coração e força para conquistar a plateia. Fora isso, infelizmente, o longa não sabe trabalhar bem seus clichês e entrega uma experiência que soa repetitiva e fora de tom.

Nenhum filme tem a obrigação de ser revolucionário ou um divisor de águas para o gênero, mas em uma época onde estamos passando por uma saturação de filmes de super-heróis – com a Marvel e a DC derrapando feio -, “Besouro Azul” pode ser uma diversão corriqueira ok em um domingo a tarde com a família, mas é um filme que ressalta a falta de interesse dos estúdios em buscar vozes criativas ousadas, e mostra que estão mais interessados em entregar o mais do mesmo para o público e acreditar que este vai aceitar – as recentes péssimas bilheterias da maioria dos lançamentos recentes comprovam que não é bem por aí.

Enfim, ao mesmo tempo em que me diverti em certos momentos com o ótimo elenco da família (George Lopez e Adriana Barraza roubam a cena) e a boa química entre Xolo Maridueña e Bruna Marquezine, por outro lado o filme deixa a desejar nas cenas de ação, nos vilões fraquíssimos e em explorar mais o lado heroico do personagem. E pra variar, todas as cenas de ação são no escuro para economizar nos efeitos visuais, e portanto, torná-las ainda mais esquecíveis.

Blue Beetle/EUA – 2023

Dirigido por: Angel Manuel Soto

Com: Xolo Maridueña, Bruna Marquezine, George Lopez, Susan Surandon…

Sinopse: Besouro Azul, baseado nos quadrinhos da DC, segue o jovem mexicano Jaime Reyes (Xolo Maridueña) que, recém-formado, volta para casa cheio de aspirações para o futuro. Em meio a uma busca por seu propósito no mundo – e um emprego – o destino o surpreende ao colocar em seu caminho uma antiga relíquia de biotecnologia alienígena, conhecida como Escaravelho. O besouro alienígena azul escolhe Jaime para ser seu hospedeiro simbiótico – o que lhe dá uma armadura superpoderosa e lhe garante poderes. O problema é que o item é de grande interesse da empresária Victoria Kord (Susan Sarandon), que une forças ao vilão Carapax (Raoul Max Trujillo) para recuperá-lo. Nessa confusão toda, Jaime só poderá contar com a ajuda da própria família e da jovem Jenny Kord (Bruna Marquezine). E agora, o jovem deverá enfrentar desafios imprevisíveis, tendo sua vida transformada para sempre, ao se tornar o Super-Herói Besouro Azul.

Opinião: Fale Comigo (2023)

A maioria dos filmes de terror, principalmente hoje em dia, são formuláicos e cheios de repetições bobas de situações que buscam assustar o expectador. É sempre os mesmos estilos de sustos e personagens bestas. Vez ou outra aparece um filme que realmente fica com a gente e nos deixa angustiados, pensativos e reflexivos em sua história.

Obras que são ao mesmo tempo assustadoras mas não por causa do fantasma que aparece, ou menos por causa da trilha sonora que ajuda nos sustos, mas sim por nos colocar em total imersão com o psicológico de seus personagens. São filmes que entendem a importância do conflito, das emoções humanas como força motriz para a culminação de vários outros males. Obras como “Corra!”, “Corrente do Mal”, “Sorria!” e agora este “Fale Comigo” se destacam pela ousadia, e ainda que tenham clichês do gênero, todos eles são conduzidos com objetivo, profundidade e emoção genuínas.

“Fale Comigo” é uma obra modesta filmada na Austrália e é a estreia na direção dos irmãos Michael e Danny Philippou, dois sujeitos conhecidos na internet pelo canal RackaRacka onde destilam seu amor notável pela Sétima Arte. Aqui, o que poderia ser uma viagem de ego apenas para mostrar nas redes sociais que conseguiram lançar um filme, se mostra realmente uma jornada madura, sóbria e que realmente entende o que torna uma obra de terror assustadora.

“Fale Comigo” é cheio de camadas. É uma auto avaliação da própria internet como ferramenta de propagação do mal, mas é também um filme de personagens e não essencialmente de espíritos. Os personagens são o foco, e sua construção é essencial para nos deixar engajados e envolvidos na trama.

Com um elenco também excelente – destaque para a ótima Sophie Wilde – e uma ideia visual de objeto maligno que é genial e sem dúvida será sugado até a última gota por Hollywood (a mão embalsamada), ainda assim, ao menos neste “Fale Comigo” os irmãos Philippou conseguiram entregar o melhor filme de terror do ano até agora. Recomendado!

Talk To Me/AUSTRÁLIA, REINO UNIDO – 2023

Dirigido por: Michael e Danny Philippo

Com: Sophie Wilde, Ari McCarthy, Joe Bird, Miranda Otto…

Sinopse: No terror Fale Comigo, da A24, conjurar espíritos tornou-se a última moda nas festas locais e, procurando uma distração no aniversário de morte da mãe, Mia está determinada a participar da trend. Na trama, acompanhamos o grupo de amigos que encontra uma misteriosa mão embalsamada e descobre que ela permite invocar espíritos. Como é de se esperar, todos ficam muito empolgados com a nova descoberta, mas não demora muito até que a brincadeira tome um rumo extremamente perigoso quando um deles acaba indo longe demais e, por acidente, abre uma porta para o mundo espiritual. Agora, com todos altamente vulneráveis a várias ameaças aterrorizantes, cada um dos amigos será obrigado a lidar com uma difícil escolha, descobrindo em quem devem confiar: nos mortos da outra dimensão ou nos vivos. Protagonizado por Sophie Wilde, Miranda Otto, Alexandra Jensen, Joe Bird, Otis Djanji e Zoe Terakes, o filme é dirigido pela dupla de estreantes em longas-metragens, Danny e Michael Philippou.

Opinião: Asteroid City (2023)

É inegável que Wes Anderson é um dos diretores com uma assinatura visual extremamente original e inconfundível. Seus filmes são minuciosamente produzidos e possuem um trabalho de direção de arte e filmagem cuidadoso em cada centímetro. É lindo de assistir! Mas por outro lado, ao menos para mim, alguns de seus trabalhos se sustentam demais na estética do que necessariamente em uma boa, e envolvente, história. Seu novo filme nos cinemas, “Asteroid City”, é um desses projetos sem muito estofo para torná-lo suficientemente engajante.

Confesso que tenho um certo problema com Wes Anderson. Sei que ele é um querido da indústria e possui milhões de fãs pelo mundo, mas em seus filmes tenho dificuldade em me envolver completamente com os personagens e a história pois tudo soa artificial e teatral demais. Quando a trama requer mais ritmo, a necessidade de se manter preso ao estilo Wes Anderson de filmar torna as cenas engessadas e sem uma emoção real. Ao menos para mim, é um estilo de cinema que não me prende e não me empolga tanto assim – apesar de todas as suas qualidades técnicas.

“Asteroid City” lida com a ufologia, o drama familiar e os mistérios de uma cidade do interior, mas nada é verdadeiramente interessante ou possui conflitos que tornem a jornada de seus personagens interessantes, ou profundamente justificáveis para um longa-metragem. E a história têm muitos personagens mas nenhum memorável, e quando se tem alguma identificação com eles é mais por causa do ator que o está interpretando, do que, necessariamente, pelo personagem em si.

E se outra coisa que temos de bom nos filmes de Wes Anderson é o elenco estelar e bastante competente. Só neste filme temos nomes como Tom Hanks, Scarlett Johansson, Jason Schwartzman, Matt Dillon, Edward Norton, Steve Carrell, Jeffrey Right, Bryan Cranston e outros atores renomados que frequentemente colaboram com o diretor.

“Asteroid City” é mais uma exemplar Wes Anderson, porém, sem possuir a qualidade de seus melhores trabalhos como “O Grande Hotel Budapeste” e “O Fantástico Sr. Raposo”. Ao meu ver, Anderson está acomodado em seu estilo visual de cinema e deixando de buscar histórias realmente fortes.

Asteroid City/EUA – 2023

Dirigido por: Wes Anderson

Com: Tom Hanks, Scarlett Johansson, Jason Schwartzman, Matt Dillon, Edward Norton, Steve Carrell, Jeffrey Right, Bryan Cranston…

Sinopse: Asteroid City, novo filme do diretor Wes Anderson, se passa na década de 1950 em uma cidade fictícia do deserto norte-americano. Encenada como uma peça, a história segue uma convenção organizada para unir alunos e pais em uma competição acadêmica, até que o caos repentinamente se instala. Acontecimentos em escala global ameaçam perturbar espetacularmente o itinerário da convenção Junior Stargazer/Space Cadet na pacata cidade, à medida que se desenrolam os eventos capazes de mudar o mundo para sempre. Asteroid City teve sua estreia mundial no 76º Festival de Cinema de Cannes em 2023, onde concorreu à Palma de Ouro.