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Do pior ao melhor | Filmes STEVEN SPIELBERG

STEVEN SPIELBERG é um dos mais influentes diretores de cinema da humanidade. Responsável por diversos clássicos e filmes que mudaram, de alguma maneira, o cinema. 

Com o lançamento de “THE POST – A GUERRA SECRETA”, fiz um ranking DO PIOR AO MELHOR filme do diretor. 

OBS: A lista está em ordem de preferência pessoal!

32. 1941 – UMA GUERRA MUITO LOUCA (1979)

1941 filmes

É o único filme do Spielberg que tento mas não consigo terminar de assistir. Na época, Spielberg queria fazer algo fora dos trilhos, novo, e decidiu fazer esta comédia que satiriza a guerra. Infelizmente, o ritmo cansativo e as piadas longas e sem timing colaboraram para o desastre do filme.

31. O MUNDO PERDIDO: JURASSIC PARK (1997)

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Não é uma porcaria, mas esta continuação do clássico e sensacional “Jurassic Park” de 1993 falta ritmo e carisma. Feito sob encomenda devido ao sucesso do anterior, Spielberg é ótimo para filmar aventura, afinal, foi ele quem remodelou o gênero nos anos 80, e apesar de existir esta visão aqui, o filme se perde com um final à lá King Kong pouco empolgante. 

30. O BOM GIGANTE AMIGO (2016)

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O filme possui a beleza visual e a sutileza dramática habituais de Spielberg. É uma obra para se ver com a família que fala de amizade, respeito e aceitar as diferenças. Em minha opinião, o longa se perde apenas no terceiro ato, fora isso, é uma aventura Sessão da Tarde gostosa de assistir. Pode não ter tido o impacto de outras aventuras dirigidas por Spielberg, mas o carinho e coração do diretor estão nítidos em cena. 

29. GUERRA DOS MUNDOS (2005)

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“Guerra dos Mundos” tem um começo fenomenal. Aliás, é natural de Spielberg filmar com maestria ação. Tom Cruise está naquele seu ritmo incansável, e maravilhoso. Mas apesar de possuir alguns bons momentos, “Guerra dos Mundos” falta algo. Falta um contexto melhor da invasão, e a resolução final para a derrota dos aliens não me convence até hoje. Enfim, está longe de ser ruim. Mas, não é aquele filme do Spielberg que anima de assistir várias e várias vezes.

28. LOUCA ESCAPADA (1974)

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Primeiro filme para o cinema de Spielberg, “Louca Escapada” é uma história real de dois fugitivos que cruzam os EUA em uma corrida contra o tempo insana e engraçada. Spielberg extraí bem o carisma de seus protagonistas, com uma Goldie Hawn impagável, e insere ritmo e emoção ao projeto. 

27. AS AVENTURAS DE TINTIN (2011)

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Primeira animação dirigida por Spielberg, “As Aventuras de Tintin” é um primor técnico que usa o que há de melhor na tecnologia de captura de movimento para adaptar os quadrinhos do belga Hergé. Esta versão de Spielberg é uma aventura de ótima qualidade, com o diretor em seu mais célebre estilo de narrativa, que o consagrou lá nos anos 80.

26. HOOK – A VOLTA DO CAPITÃO GANCHO (1991)

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“Hook” não foi recebido com excitação na época de seu lançamento, e só com os anos foi ganhando reconhecimento pelo público. Particularmente, é um marco da minha infância e mesmo revendo hoje, apesar de alguns momentos arrastados, no âmbito geral, é uma aventura divertida que traz uma trama original sobre Peter Pan. Ele já está crescido, não lembra mais quem foi quando jovem, mas acaba voltando à Terra do Nunca para salvar os filhos, e claro, se redescobrir. Robin Williams estava no auge da carreira e injeta todo seu fervor e animação ao projeto. 

25. O TERMINAL (2004)

o terminal

Eu considero “O Terminal” um daqueles “feel good movies” deliciosos de ver. Tem seus probleminhas, mas no geral, é uma comédia sutil, simples e singela de Spielberg, que usa todo o imenso carisma de Tom Hanks em favor do projeto.

24. A.I – INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (2001)

a.i filmes

Spielberg filma de um jeito sempre fascinante, e esta história ganha ares de fábula nas mãos do diretor. O roteiro era de Kubrick – que é creditado como produtor mesmo após sua morte -, e com Spielberg assumindo o projeto, parte do estilo analítico e frio de Kubrick foram deixados de lado. Por um lado, é uma aventura lindamente filmada e envolvente de assistir, mas por outro, deixa de ser mais profundo, e pessimista, em sua visão de um mundo futurista. Algo que Kubrick ia explorar à fundo. 

23. INDIANA JONES E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL (2008)

indiana jones e o reino da caveira de cristal

Podem falar o que for, mas eu gosto e muito deste quarto filme da franquia Indiana Jones. Foram 19 anos de intervalo desde o terceiro longa, “A Ultima Cruzada”, e apesar de existir problemas com relação ao roteiro e abusos de efeitos digitais, o filme mantém o clima de aventura B dos anteriores, traz momentos de homenagem envolventes, cenas de ação ao estilo anos 80 e possui uma vilã ótima interpretada por Cate Blanchett. E quem já pesquisou sobre a lenda das Caveiras de Cristal – elas existem – vai notar que o longa respeita bastante a lenda e a usa com exatidão dentro da trama. Pode não ser o melhor, mas me divirte sempre.  

22. IMPÉRIO DO SOL (1987)

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Jim, interpretado por Christian Bale – em seu primeiro papel no cinema – é filho de uma família rica que mora no Oriente. Após a China ser invadida pelo Japão, ele é separado da família e vai parar em um campo de concentração. O longa acompanha a sobrevivência de Jim em um filme belíssimo e encantador. Bale está um arraso, Spielberg utiliza sua emoção genuína e o resultado é um desses filmes marcantes que toca o coração.

21. ALÉM DA ETERNIDADE (1989)

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Pouquíssimo conhecido, “Além da Eternidade” tem algumas semelhanças com “Ghost”, – até foi lançado um ano antes do sucesso com Patrick Swayze mas não conseguiu atingir o mesmo sucesso. Infelizmente. Particularmente, considero o filme muito melhor e mais emocionante, e sempre choro com alguns momentos singelos, e delicados, construídos com sutileza por Spielberg. Sou apaixonado por este filme. E o longa marca a última interpretação de Audrey Hepburn, que faz uma participação pequena mas importante.

20. THE POST – A GUERRA SECRETA (2017)

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Spielberg embarca no mundo do jornalismo para falar de liberdade de imprensa e o papel da mulher na sociedade. Baseado em uma história real. Com Meryl Streep e Tom Hanks no elenco. Leia a crítica completa ao clicar AQUI

19. MINORITY REPORT – A NOVA LEI (2002)

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Baseado no livro de Philip K. Dick – um dos grandes nomes da ficção científica na literatura – “Minority Report” foi lançado um ano após “A.I” e mantém o interesse de Spielberg pela ficção cientifica futurística. Com ritmo acelerado e todo seu olhar criativo para filmar ação, o longa ainda conta com Tom Cruise e todo seu carisma. Um exemplar do gênero eficiente e empolgante. 

18. LINCOLN (2012)

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O acerto de “Lincoln” é não contar toda a trajetória do presidente mais amado dos EUA, mas justamente focar em um período de sua vida. Neste caso, quando Lincoln lutou para aprovar a 13ª emenda e abolir de uma vez por todas a escravidão no país. Um filme sobre os bastidores da política da época, que adentra também no íntimo da vida do presidente. Uma interpretação magistral de Daniel Daw-Lewis, que ganhou seu terceiro Oscar pelo trabalho, e Spielberg completamente contido em um estilo de condução surpreendente, e diferente de tudo que já tinha feito.

17. JOGADOR Nº 1 (2018)

Jogador Nº 1

São tantos filmes excelentes de Spielberg que fica difícil quantificá-los em uma lista. Você quer mudar toda hora. Mas, de momento, coloco a nova e alucinante aventura do diretor nesta posição. Um retorno ao estilo frenético, empolgante e visualmente extasiante de Spielberg. Uma aventura que fala sobre realidade virtual, nos coloca em uma caça ao tesouro estilo anos 80, e é cheio de referências nostálgicas a filmes e games da cultura pop. E tudo isso Spielberg faz sem perder o foco da trama. Leia a crítica do filme clicando AQUI

16. ENCURRALADO (1971)

encurralada filmes

O primeiro grande sucesso, e clássico, da carreira de Spielberg foi um filme para a televisão. “Encurralado” fez tanto sucesso que meses depois foi exibido nos cinemas. E mereceu cada elogio. O longa é um primor de direção. É ela quem dá ritmo a uma história simples, que coloca um caminhão como o grande vilão da trama. Se ainda não viu este clássico, veja o mais rápido possível!

15. INDIANA JONES E O TEMPLO DA PERDIÇÃO (1984)

indiana jones e o templo da perdição

“O Templo da Perdição” fez sucesso mas foi recebido com divisão pela crítica na época de seu lançamento, quando apresentou uma história sombria com momentos de pura angústia. O impacto foi grande, tanto que a cena onde se arranca o coração – assista pra saber! – foi responsável por criar uma classificação etária para adolescentes, a chamada PG-13. Antes não existia isso. Mas polêmicas à parte, o filme continua impecável, a ação é de tirar o fôlego e temos um dos melhores clímax de ação dos anos 80. Filmaço!

14. AMISTAD (1997)

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O filme conta a história de um grupo de africanos que foram vendidos como escravos na própria África e foram parar em território norte-americano, onde acabaram presos. “Amistad” é uma mescla de dois longas. É um excelente filme de julgamento e um ótimo relato histórico, narrado com bastante emoção por Spielberg, que não receia em mostrar a violência e a falta de humanidade no comércio de escravos do período. Um filmaço inesquecível! 

13. PONTE DOS ESPIÕES (2015)

ponte dos espioes

Outro filmaço com tom e estilo de narrativa mais contidos, que busca focar nos diálogos e mostrar o poder da oratória Uma história real daquelas extasiantes dirigida com maestria por Spielberg, que mais uma vez, se reúne com Tom Hanks. Não é um filme de espionagem, apesar de se tratar de espiões, mas um filme sobre diplomacia em um momento instável da humanidade – a Guerra Fria. 

12. CAVALO DE GUERRA (2011)

cavalo de guerra

Eu sou apaixonado por este filme! Alguns dizem que Spielberg exagera no melodrama como nunca fez antes. Eu concordo em partes, pois ele sempre foi assim e aqui, mais ainda, o faz intencionalmente. Ele cria uma obra narrativamente e visualmente belíssima que homenageia a Era de Ouro dos clássicos épicos de Hollywood, aqueles dirigidos por John Ford, por exemplo, e marcados por tons de cores fortes e característicos. Sem falar que acompanhar um cavalo durante a Primeira Guerra Mundial poderia ser nada empolgante, mas Spielberg conduz de um jeito fenomenal, totalmente emocionante e ciente de suas intenções. Um filme fora de seu tempo, pois se lançado antigamente, seria um desses clássicos aclamados por todos.

11. PRENDA-ME SE FOR CAPAZ (2002)

prenda-me se for capaz

Um dos melhores trabalhos de Spileberg no novo século é este “Prenda-me Se For Capaz”, um thriller de perseguição que conta a inimaginável história real de Frank Abagnale Jr (DiCpario), um vigarista que se tornou o ladrão de bancos mais bem-sucedido dos EUA aos 17 anos! E na cola dele estava o incansável policial do FBI Carl Hanratty (Hanks). Um jogo de gato e rato com muito ritmo e humor. Cada segundo é puro deleite, e o talento de Leonardo DiCaprio e Tom Hanks, juntos, é puro êxtase!

10. MUNIQUE (2005)

munique filme

Durante as Olimpiadas de Munique de 1972, um atentado terrorista cometido por palestinos acontece na Vila Olímpica, e resulta em mais de 10 mortos da equipe israelense. Após um tempo, um jovem israelita é chamado para uma missão cujo objetivo é assassinar todos os responsáveis pelo atentado. “Munique” é um thriller de suspense tenso e angustiante. Um Spielberg sombrio e genial. 

09. A COR PÚRPURA (1985)

a cor purpura filmes

“A Cor Púrpura” foi o primeiro, digamos, filme “sério” de Spielberg. O diretor ficou famoso com filmes de aventura e suspense, e era visto como alguém incapaz de ir além. Isto, claro, incomodava Spielberg e de certa maneira “A Cor Púrpura” foi uma resposta às críticas. E que resposta! Um drama emocionante que aborda temas ainda tão presentes em nossa sociedade. O longa marca também a estreia de Whoopi Goldberg e Oprah Winfrey no cinema. Filmaço clássico!

08. O RESGATE DO SOLDADO RYAN (1998)

o resgate do soldado ryan filmes

Não, “O Resgate do Soldado Ryan” não é apenas um filme marcante por sua estupenda sequencia inicial no dia D. É uma jornada de salvamento emocionante, onde acompanhamos este grupo de soldados durante a Segunda Guerra Mundial e cada momento é incerto e perigoso. Spielberg impacta com a crueza da violência, e encanta ao mostrar o quão desesperador e desumano é a guerra. Primeira parceria sua com Tom Hanks

07. CONTATOS IMEDIATOS DE TERCEIRO GRAU (1977)

contatos imediatos de terceiro grau

O filme que definiu muitos conceitos e temas de filmes de alienígenas. Uma obra-prima original que encanta em cada cena, enche os olhos com efeitos deslumbrantes e uma história sobre obsessão cercada por mistério e espetáculo visual. Foi um divisor de águas que continua copiado por muitos. 

06. JURASSIC PARK (1993)

JURASSIC PARK, 1993. ©Universal/courtesy Everett Collection

Não existe filme de dinossauros tão memorável quanto “Jurassic Park”. É um clássico que inspira e é copiado até hoje. Uma aventura épica que revolucionou os efeitos visuais, e nos transporta para um mundo mágico onde os seres humanos conseguiram trazer os dinossauros de volta. Cheio de cenas icônicas, é Spielberg no ápice, remodelando mais uma vez o cinema de aventura, agora nos anos noventa. Um filmaço desses que nunca mais serão esquecidos!

05. INDIANA JONES E OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA (1981)

indiana jones e os caçadores da arca perdida

Um dos filmes mais marcantes do cinema, “Os Caçadores da Arca Perdida” foi Spielberg mostrando como se fazer aventura. Desde então, nunca mais o cinema do gênero foi o mesmo. Foi ele com Indiana Jones e George Lucas com Star Wars, dois amigos que revolucionaram a indústria. É o meu personagem favorito da carreira de Harrison Ford e um dos filmes mais marcantes da minha vida. A ação é visceral, constante e cheia de ritmo, e cada personagem é usado com exatidão. Obra-prima!

04. INDIANA JONES E A ÚLTIMA CRUZADA (1989)

indiana jones e a ultima cruzada

Geralmente quando uma franquia chega ao terceiro filme não costuma ter o mesmo frescor e impacto que o original. Mas isto não acontece aqui. “A Última Cruzada” é o meu capítulo favorito da franquia Indiana Jones. Aqui, o longa já começa mostrando Indy adolescente e como se formou certas características clássicas do personagem – como o medo de cobras, por exemplo! Mas também acerta ao trazer o pai do personagem, interpretado pelo excepcional Sean Connery. A química entre Connery e Harrison Ford é a fagulha que faz este terceiro filme explodir. A ação continua excelente com cenas memoráveis. Mas é a relação entre os personagem – pai e filho – que torna esta aventura tão especial para mim. Outro clássico, sem dúvida! 

03. TUBARÃO (1975)

tubarao filme

Spileberg criou filmes definitivos sobre guerras, alienígenas, dinossauros e arqueólogos. Mas antes de tudo isso, criou o filme definitivo de tubarão. Este clássico de 1975 foi o primeiro sucesso mundial da carreira de Spielberg, e apenas o seu segundo longa-metragem para o cinema. Com “Tubarão”, conseguiu remodelar a indústria tanto como comércio quanto como narrativa cinematográfica. O longa iniciou a cultura do chamado “verão norte-americano”, onde Hollywood lança seus blockbusters para arrecadar milhões e milhões nas bilheterias, já que se trata do período de férias escolares nos EUA. Mas também foi um filmaço onde todos os problemas de bastidores colaboraram para Spielberg criar uma narrativa tensa, que mostra pouco o tubarão e vai criando o suspense de forma genial em torno da ameaça. Além de ótimo suspense, o filme é uma aventura de alto nível. Até hoje é o melhor filme de tubarão já feito.  

02. E.T – O EXTRA TERRESTRE (1982)

e.t filme

Spielberg já tinha explodido a cabeça da humanidade com o original “Contatos Imediatos de Terceiro Grau” em 1977, e agora, faz isso mais uma vez. “E.T – O Extra Terrestre”  é outro projeto original que mudou a forma como Hollywood e as pessoas enxergavam alienígenas. Spielberg criou uma aventura doce, singela, com uma amizade pura entre um ser humano e um E.T deixado para trás. Os aliens eram apenas invasores sem coração que desejavam destruir a Terra, mas aqui não tem nada disso. Pela primeira vez, o mundo vê um ser de outro planeta com diferentes olhos. Foi um estrondoso sucesso na época, e continua um dos filmes mais marcantes, e emocionantes, de todos os tempos.

01. A LISTA DE SCHINDLER (1993)

a lista de schindler

Sei que não podia, mas assisti “A Lista de Schindler” por volta dos meus 12, 13 anos. E agradeço ao meu pai por nunca ter sido rígido comigo em relação a que filmes assistir. Pois este daqui foi um dos mais marcantes para mim, e continua, até hoje, sendo  o filme de Holocausto que mais fala comigo. Spielberg se desprende de qualquer amarra e conta a maravilhosa história deste alemão que salvou da morte mais de 1000 judeus na Segunda Guerra Mundial. Mas além disso, o longa mostra as atrocidades cometidas nos campos de concentração e tudo de forma crua e real. A emoção é genuína. O filme é belo em cada enquadramento. Tudo tem um motivo e quer dizer algo. Um dos melhores filmes de todos os tempos. Um clássico. Uma obra-prima! O meu favorito da carreira do gênio Steven Spielberg. 

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The Post – A Guerra Secreta

Nada mais oportuno ao nosso momento atual do que um filme como “The Post – A Guerra Secreta”, no qual lida com questões pertinentes ao papel da mulher no âmbito profissional de uma sociedade essencialmente patriarcal, e a liberdade de imprensa. Esta última o cerne do debate em torno da trama principal.

Baseado em uma história real, aqui temos Katherine (ou Kay) Graham (Meryl Streep), uma dona de casa, esposa, que recebe a responsabilidade de dirigir o jornal The Washington Post após a morte do marido – que, aliás, havia herdado a empresa do próprio sogro. A responsabilidade é grande, já que por ser mulher, Kay é vista pelo Conselho da companhia como inexperiente e incapaz de tomar as decisões necessárias para manter o jornal aberto. O período torna-se mais conturbado quando o seu editor-chefe, Ben Bradlee (Tom Hanks), recebe documentos sigilosos do governo norte-americano que revelam as mentiras acerca do papel, e objetivo, dos EUA na Guerra do Vietnã. Quem primeiro publicou os documentos foi o The New York Times, mas este foi processado pelo então presidente Richard Nixon, e impedido de continuar a divulgar os arquivos. Ao cair nas mãos de Bradlee, Kay precisa escolher: publicar e arriscar o futuro do jornal e de seus funcionários – e defender a liberdade de imprensa –, ou não bater de frente com o governo dos EUA e aceitar a censura.

Steven Spielberg estava trabalhando na pós-produção de seu próximo filme, o blockbuster “Jogador Nº 1” – que sai em março nos cinemas –, e recebeu o roteiro de Liz Hannah e Josh Singer através da produtora Amy Pascal. Ficou encantado com os paralelos entre aquele período e a atualidade dos EUA – com Donald Trump agindo de modo semelhante com a imprensa. Mas seu encanto foi essencialmente com a jornada de amadurecimento de Kay Graham, e sua trajetória em um universo dominado por homens. A produção de “The Post” durou 9 meses – desde filmagens até pós-produção -, um exercício de velocidade para Spielberg entregar o projeto ainda este ano e à tempo da época de premiações.

“The Post” é uma homenagem ao jornalismo e à essência do compromisso com a verdade. É uma trama de bastidores, da busca pela história e da luta pelo o que é verdadeiro. Spielberg filma com dinamismo e tensão, e instiga o interesse em cenas de reuniões, conversas e debates. Acerta também ao decidir mostrar todo o processo de publicação de um jornal. Ele acompanha a chegada da notícia à mesa de impressão e nos apresenta cada passo realizado para o jornal chegar às ruas. Não me lembro de um filme de jornalismo que tenha feito isto, o que traz mais um ponto a favor do projeto. Aliás, naquela época – anos 70 – o sistema era bastante manual, e não digital como atualmente. Portanto, “The Post” é uma aula sobre as etapas de impressão de um jornal impresso.

Outra característica nos filmes de Spielberg é o elenco de gigantes, tanto protagonista quando coadjuvante. Os atores de suporte são importantes, e essenciais à dinâmica da trama, e o roteiro aproveita todos sem desperdiçar ninguém, e os usa em favor da narrativa e na construção daquele ambiente agitado, e frenético do mundo jornalístico. Bob Odenkirk, Tracy Letts, Bradley Whitford, Bruce Greenwood, Alison Brie, Carrie Coon, Sarah Paulson são apenas alguns nomes do excelente grupo de atores coadjuvantes.

No time de protagonistas, temos ninguém menos que Meryl Streep e Tom Hanks. Pela primeira vez atuando juntos, a química entre os dois flui naturalmente e a construção dos personagens, unido ao carisma habitual de cada um, resulta em um trabalho harmonioso e perfeito. Hanks como Ben Bradlee é ávido, imponente e um líder nato – editor-chefe, ele é o responsável por tudo que é publicado. Streep é sutil, profunda nas emoções e encanta o público tanto nos momentos onde sua personagem está insegura, e indecisa, até quando encontra sua voz como mulher, e dona do jornal.

“The Post – A Guerra Secreta” é a reunião de três gigantes da indústria do cinema. Três pesos pesados unidos em um projeto para defender não apenas a liberdade de imprensa, ou a capacidade da mulher como um todo, mas, principalmente, o direito nosso à verdade.

Para complementar a ótima experiência que é assistir “The Post”, recomendo que veja em seguida “Todos os Homens do Presidente” (1976), clássico filme de jornalismo – estrelado por Robert Redford e Dustin Hoffman – sobre o caso Watergate que acontece logo após a polêmica com os documentos da Guerra do Vietnã. E Spielberg faz questão de deixar o gancho pra essa história na última cena de “The Post”. Filmaço!

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–> Indicado a 2 Oscar: Melhor Filme e Melhor Atriz (Meryl Streep).

oscar

The Post-EUA

Ano: 2017 – Dirigido por: Steven Spielberg

Elenco: Meryl Streep, Tom Hanks, Bob Odenkirk, Bruce Greenwood…

Sinopse: Nos anos 70, o editor do jornal The Washington Post Ben Bradlee (Tom Hanks) conta com o apoio de outra editora, Kay Graham (Meryl Streep), para divulgar documento sigiloso do governo americano. Esse material contém informações sobre o envolvimento dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã.

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As 21 indicações ao Oscar de Meryl Streep – comentadas

21 indicações ao Oscar além de outros tantos prêmios recebidos ao longo da carreira. Acredito que seja a atriz mais premiada viva. 

Com 68 anos, MERYL STREEP é uma das mais influentes mulheres do mundo e a rainha de Hollywood. Vamos conhecer cada uma das 21 indicações ao Academy Awards:

1979 – INDICADA: Melhor Atriz Coadjuvante por “O FRANCO ATIRADOR”

o franco atirado

Três amigos se alistam para servir na Guerra do Vietnã. “O Franco Atirador” é um clássico e um filme angustiante que retrata os efeitos mentais que a guerra pode causar. A mudança do interior e consequências pelo resto da vida. Meryl interpreta a esposa de um dos amigos. Inicialmente sua personagem não possuí tanto espaço, mas da metade em diante ganha força e Streep aproveita cada momento. 

1980 – VENCEDORA: Melhor Atriz Coadjuvante por “KRAMER VS. KRAMER”

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Primeiro Oscar da carreira, Streep interpreta uma mãe depressiva que escolhe abandonar o marido e o filho. O filme foca no relacionamento do personagem de Dustin Hoffman e a criança, até que Streep retorna clamando pela guarda do menino. A luta do casal vai parar nos tribunais, e Meryl possui um monólogo emocionante neste ato final. 

1982 – INDICADA: Melhor Atriz por “A MULHER DO TENENTE FRANCÊS”

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É um filme lento que precisa de paciência. Streep, na história do longa, é uma atriz que interpreta uma personagem em um filme onde vive um romance proibido. Fora das filmagens, ela vive também um romance com o seu colega de cena, interpretado por Jeremy Irons. Sua poderosa presença cênica faz das duas personagens de Streep interessantes e distintas. 

1983 – VENCEDORA:  Melhor Atriz por “A ESCOLHA DE SOFIA”

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Streep interpreta uma polonesa que foi prisioneira de um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial e teve que escolher qual dos dois filhos enviar para a morte. Imagina uma mãe ter que passar por tal desafio. Particularmente, não gosto da divisão da história de existir um núcleo no presente e outro durante a guerra. Gostaria que fosse apenas na guerra. Mas, apesar disso, Streep é uma força destruidora em cena, e o momento da escolha de sua personagem… Simplesmente memorável!

1984 – INDICADA: Melhor Atriz por “SILKWOOD”

silkwood

Uma dona de casa que trabalha como metalúrgica em uma fábrica de peças para uma usina atômica. Após presenciar vários casos de abuso trabalhista e descobrir um segredo da empresa, ela decide denunciar e lutar contra o sistema. Uma história real com uma Streep que empodera mais ainda o longa. 

1986 – INDICADA: Melhor Atriz por “ENTRE DOIS AMORES”

entre dois amores

Revendo hoje é um filme morno. Poderia ser bem mais curto em duração. No entanto, apesar das ressalvas em relação à obra, é um romance épico que encanta pelas paisagens e a ótima química de Streep com Robert Redford

1988 – INDICADA: Melhor Atriz por “IRONWEED”

ironweed

Em um período marcado pela Grande Depressão, Streep interpreta uma ex-cantora que conhece um sujeito esquizofrênico interpretado por Jack Nicholson. Ambos são alcoólatras e tentam se ajudar enquanto precisam encarar os desafios da vida e os fantasmas do passado. Dirigido por Hector Babenco.

1989 – INDICADA: Melhor Atriz por “UM GRITO NO ESCURO”

um grito no escuro

Um casal adventista está acampando com os filhos quando um cão selvagem leva o seu bebe embora. Aos poucos, as pessoas começam a desconfiar que a versão de ambos está equivocada e alguns começam a dizer que são eles os responsáveis pelo desaparecimento da criança. O caso choca a sociedade e vai se desenvolver na justiça. Uma trama real com duas ótimas atuações, tanto de Streep quanto de Sam Neill. 

1991 – INDICADA: Melhor Atriz por “LEMBRANÇAS DE HOLLYWOOD”

lembranças de hollywood

Roteiro escrito por Carrie Fisher baseado em seu próprio livro, Streep é uma cantora country alcoólatra e viciada em drogas que volta para a casa da mãe, uma ex-estrela de Hollywood, para buscar ajuda. Streep e Shirley MacLaine estão soberbas. 

1996 – INDICADA: Melhor Atriz por “AS PONTES DE MADISON”

as pontes de madison

Meu romance favorito do cinema, Clint Eastwood dirige e estrela ao lado de Meryl Streep este filme emocionante sobre uma dona de casa que se apaixona por um fotógrafo, mas as circunstâncias de sua vida a fazem refletir sobre qual caminho seguir. Uma obra madura e tocante. 

1999 – INDICADA: Melhor Atriz por “UM AMOR VERDADEIRO”

um amor verdadeiro

Um filme pensado em cada momento para emocionar o público, e abrir a porta para Meryl Streep dominar a cena interpretando uma mãe que está morrendo de câncer. O marido não é presente pois alega que o trabalho lhe impede, e o que resta é a filha que muda para sua casa. 

2000 – INDICADA: Melhor Atriz por “MÚSICA DO CORAÇÃO”

musica do coração

História de uma mãe solteira que cuida do filho trabalhando como professora de música. Sua importância na vida das crianças de um bairro pobre será imensa, e ela usará a música como ferramenta para unir as diferenças. Streep encanta e toca violino! Sublime!

2003 – INDICADA: Melhor Atriz Coadjuvante por “ADAPTAÇÃO”

adaptação

Streep não é a protagonista, mas vai crescendo com o desenvolver da história neste filmaço dirigido por Spike Jonze e com roteiro de Charlie Kaufman. Um filme surpreendente e angustiante, onde Streep comprova, mais uma vez, porque é Meryl Streep. 

2007 – INDICADA: Melhor Atriz por “O DIABO VESTE PRADA”

o diabo veste prada

O que dizer mais da personagem que catapultou Meryl Streep ao estrelato do imaginário popular! Streep já era uma atriz de renome, com dois Oscar, de sucesso e conhecida por trabalhos dramáticos elogiados. Mas nunca havia tido um sucesso comercial mundialmente reconhecido como este “O Diabo Veste Prada”. O filme é uma delícia, Anne Hathaway e o resto do elenco estão ótimos, mas é Meryl quem rouba a cena como a chefe megera da revista de moda onde a protagonista trabalha. Sutil em seu falar, andar e agir, Miranda Priestley nunca precisa gritar para impor respeito ou sugar a atenção do ambiente. Todos a temem. E com o público não é diferente. Outras atrizes poderiam abusar dos trejeitos de raiva, gritos, etc, mas com Meryl é na sutileza que se mostra o poder. E o que é ser uma puta atriz. Fantástico!

2009 – INDICADA: Melhor Atriz por “DÚVIDA”

duvida

Uma freira rígida, e diretora de um colégio, que por causa de uma suspeita, acusa, sem provas, um padre de pedofilia. O filme é um exercício magistral de texto e câmera, usando as técnicas de cinema para nos imergir na tensão, e suspeitas, de sua trama. Streep interpreta com voracidade uma personagem que acredita, acima de tudo, em sua palavra, e está disposta a lutar até o fim para alcançar os objetivos. Baseado em uma peça de sucesso, “Dúvida” é sublime. 

2010 – INDICADA: Melhor Atriz por “JULIE & JULIA”

julia & julia

Outra encarnação perfeita de Meryl! Ela interpreta a cozinheira Julia Child, que se tornou um hit e referência no mundo da culinária com seus livros de receitas e programas televisivos. Julia era irreverente, animada, e seus trabalhos sempre recebiam muito o agrado do público. Streep esbanja a mesma energia, o mesmo jeito de andar, falar e de se comportar da verdadeira Child. O filme é divertidinho, mas muito aquém do potencial da interpretação maravilhosa de Meryl. Mas vale a pena conferir!

2012 – VENCEDORA: Melhor Atriz por “A DAMA DE FERRO”

a dama de ferro

Não gosto tanto do filme pois acho que perde a oportunidade de se aprofundar na carreira controversa, mas rica e cheia de momentos chaves da ex-Primeira Ministra da Inglatera, Margareth Thatcher. Mas Meryl Streep segura com tudo o longa. Ela é a alma. O encanto. A força motriz. Do mesmo jeito que Gary Oldman se transformou para interpretar Wisnton Churchill em “O Destino de Uma Nação”, Meryl Streep, aqui, recebe um trabalho de maquiagem primoroso que lhe ajuda a ficar parecida com Thatcher, porém, não é só isso. Streep encarna o jeito de andar, falar, de mexer as mãos, de se comportar idênticos ao da personagem real. Excepcional! Terceiro Oscar da carreira.

2014 – INDICADA: Melhor Atriz por “ÁLBUM DE FAMÍLIA”

album de família

Eu amei “Álbum de Família”, justamente, por ser tão real e cru em seu retrato de um encontro familiar. Diferentes pessoas, com pensamentos distintos e discussão na certa. Streep é a matriarca da família e suga toda a atenção da cena quando está presente. Julia Roberts também está ótima, e a composição da trama, a interação do elenco e os problemas discutidos são bastante identificáveis e interessantes de acompanhar. Baseado em uma peça, “Álbum de Família” vale a pena ver.

2015 – INDICADA: Melhor Atriz Coadjuvante por “CAMINHOS DA FLORESTA”

caminhos da floresta

Musical não é para todos. Eu amo. E gostei de “Caminhos da Floresta” por ser uma adaptação fiel – com sutis alterações – da peça da Broadway. A desconstrução dos contos de fadas e uma trama adulta que fala sobre crescer, responsabilidade e família. Claro, por ter sido produzido pela Disney muitos temas mais pesados ficaram amenizados, mas não acho que atrapalha o resultado. O cerne da obra original está ali. E é um musical do saudoso Stephen Sondheim. Meryl interpreta a Bruxa, e é responsável por vários dos melhores momentos – destaque para o rap na primeira vez em que aparece.

2017 – INDICADA: Melhor Atriz por “FLORENCE: QUEM É ESSA MULHER?”

florence

Meryl já cantou em diversas ocasiões no cinema, e sempre fez bem. Tem uma voz afinada que agrada. Mas aqui, em “Florence”, ela interpreta uma socialite que amava ópera e seu sonho era ser cantora. Mas não tinha voz nem talento pra isso. Cantava desafinado parecendo uma hiena. Mas ela se tornou um sucesso do entretenimento, e o marido escondia as críticas negativas e colaborava com o seu mundo de ilusão, onde ela achava estar arrasando no canto. Portanto, Meryl teve que degringolar a voz para cantar de maneira horrenda. E desde a voz, até o estilo da personagem, Meryl arrasa. Baseado em uma história real. 

2018 – INDICADA: Melhor Atriz por “THE POST – A GUERRA SECRETA”

the post

Um filme oportuno e necessário para o momento em que vivemos, onde se debate com fervor o espaço da mulher no ambiente de trabalho, a liberdade de imprensa e o respeito com a verdade. Meryl interpreta Katharine Graham, que foi dona do jornal The Washington Post e precisou enfrentar tudo isso. O filme – dirigido por Steven Spielberg e também com Tom Hanks dividindo a cena – mostra o período em que o jornal The Washington Post lutou contra o governo norte-americano para poder publicar documentos oficiais que comprovavam que o governo mentiu sobre a atuação dos EUA durante a Guerra do Vietnã. 

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Opinião: Viva – A Vida é Uma Festa (2017)

“Viva – A Vida É Uma Festa”, em cartaz no Brasil desde o dia 4, é aquela Pixar que sempre crescemos juntos. A Pixar dos projetos originais. A Pixar do coração. A Pixar que deixa de lado toda e qualquer intenção meramente mercadológica, para nos levar a um mundo novo e singular. O último grande projeto digno de aplausos do estúdio foi o excepcional “Divertida Mente”, em 2015, e agora este “Viva”.

Dirigido por Lee Unkrich – o diretor responsável por aquela bomba atômica de emoções que é “Toy Story 3” – viaja ao mundo da cultura mexicana para criar um filme que fala de saudade. O Dia dos Mortos é o cenário de fundo para nos fazer acompanhar Miguel, um garoto apaixonado por música, mas que é reprimido pela família que baniu há muito tempo a prática de dentro de casa. No Dia dos Mortos, após roubar o violão de um falecido grande cantor, Miguel vai parar no mundo dos mortos e precisa da ajuda dos falecidos entes queridos para voltar para casa.

A trama soa um tanto quanto macabra lendo por alto, mas a Pixar lida com maestria toda a temática espiritual entorno da cultura do Dia dos Mortos e de todo o universo apresentado. O principal interesse do roteiro de Lee Unkrich, Jason Katz, Matthew Aldrich e Adrian Molina (co-diretor) é justamente ensinar ao público a importância de nunca esquecer. De nunca abandonar quem amamos e valorizar os momentos juntos. Uma tarefa difícil, digamos, principalmente, em um mundo concentrado com avidez nas telas de celulares e tablets. Valorizar tais momentos tem se perdido como lágrimas na chuva, mas Unkrich faz questão de ressaltar como são importantes, e essenciais, em nossa formação como seres humanos.

Li diversos comentários em sites e no Youtube sobre as semelhanças com outra animação chamada “Festa no Céu”, que também utiliza o mote da cultura do Dia dos Mortos como pano de fundo. Mas as semelhanças param por aí. Podem até existir outras similaridades em relação a cenários, mas o interesse dos personagens de “Viva” são outros, e o tema principal, bem como seu desenvolvimento narrativo, foge daqueles apresentados pelo longa produzido por Guillermo Del Toro em 2014. Ambos são ótimos e possuem qualidades singulares, e conseguem ter êxitos igualmente dignos de nota.

“Viva – A Vida É Uma Festa” também entra no hall dos filmes emotivos da Pixar. Aqueles que falam tão profundamente ao nosso âmago que é impossível não se emocionar. Unkrich já havia realizado algo com maior intensidade em “Toy Story 3” – o mais tocante de toda a trilogia dos brinquedos -, e com “Viva”, alcança novamente o feito ao criar cenas delicadas, e emocionantes, onde assiste como um telespectador curioso as ações de seus personagens. Unkrich passeia com a câmera sem pressa em tais momentos, e exalta com bastante sutileza cada nuance da situação apresentada.

E “Viva” se destaca por utilizar a cultura mexicana não como justificativa ianque, dentro da narrativa, para enaltecer como os EUA precisa valorizar diferentes culturas. A mensagem, claro, existe, mas a cultura do México é usada como parte integrante do texto. Ela é daquele jeito. Os personagens são mexicanos. E o roteiro não quer entendê-la, apenas, mostrá-la tal qual ela é. Simples assim.

“Viva – A Vida É Uma Festa” é um programa obrigatório para se assistir com toda a família. Um ensinamento divertido às crianças que irão aprender a importância de amar os familiares. E uma mensagem poderosa aos mais velhos que serão lembrados a nunca esquecer quem se ama. Enfim. Divirta-se. Emociona-se. Recomendado!

Coco-EUA

Ano: 2017 – Dirigido por: Lee Unkrich

Vozes no original: Anthony Gonzalez. Gael Garcia Bernal, Benjamin Bratt…

Sinopse: Miguel é um menino de 12 anos que quer muito ser um músico famoso, mas ele precisa lidar com sua família que desaprova seu sonho. Determinado a virar o jogo, ele acaba desencadeando uma série de eventos ligados a um mistério de 100 anos. A aventura, com inspiração no feriado mexicano do Dia dos Mortos, acaba gerando uma extraordinária reunião familiar. 

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O Destino de Uma Nação

Muitos irão reclamar que “O Destino de Uma Nação” é um filme sem ação. Mas o que seria ação quando se trata de cinema? Criou-se no imaginário popular que ação é somente aquilo que caracteriza um conjunto de explosões, lutas, fugas e perseguições. O que é um grande pecado. Ação significada agir. Manifestar uma força agente. É um comportamento. Um acontecimento. E o novo filme de Joe Wright é um conjunto de momentos de ação onde a palavra é o principal agente. A oratória é a força que faz de seu protagonista o grande herói da trama, e torna cada acontecimento uma implacável luta – não física – pelo bem comum de uma nação.

São poucos os personagens reais que sobrevivem ao tempo e conseguem ser reproduzidos com frequência mesmo após anos desde sua morte. Muito, deve-se, ao papel fundamental obtido em sua trajetória em vida, e sua fundamental importância ao contexto da época. Winston Churchill é um desses personagens. Gordo, baixo, fumante assíduo e alcoólatra assumido, Churchill tinha todas as características físicas que poderiam lhe tornar uma figura repugnante. Seu comportamento também não era dos mais palatáveis. Sujeito ansioso, tempestuoso, imprevisível e voraz, podemos dizer que ele era aquela típica pessoa de “personalidade forte”. Mas Churchill também era sentimental. Patriota. Um estrategista talentoso. Um orador exímio. Foi ele quem guiou a Inglaterra contra Hitler e bateu de frente contra todos os parlamentares que desejavam negociar a paz com o tirano. Para ele não existia acordo. Hitler era um mau. Um mau que precisava ser execrado com violência. Luta. E impedido de crescer.

Em “O Destino de Uma Nação” o roteiro de Anthony McCarten se passa durante este momento onde a Segunda Guerra não havia sido anunciada, mas cujas engrenagens já estavam girando rumo ao estopim. O ano é 1940 e Churchill é designado ao cargo de Primeiro Ministro da Inglaterra. O país estava indeciso, Neville Chamberlain, até então Primeiro Ministro, estava sendo constantemente acusado de não conseguir dirigir a nação em tempos de guerra, e por fim, foi forçado a renunciar. Churchill não era a primeira opção, aliás, mal tinha apoio do seu partido.

O roteiro constrói essa trajetória difícil de Churchill ao poder, enquanto este precisa lidar com a ascensão do nazismo na Europa e combater a ameaça. A situação complica quando os alemães encurralam mais de 300.000 soldados ingleses, franceses e de outras nacionalidades em Dunkirk, França. Sem poderio para enfrentar o exército inimigo, a solução era fugir. Evacuar a cidade. Mas como, se de um lado estava os alemães e do outro o mar?

Churchill precisava lidar não apenas com os problemas relacionados à política interna de seu país, como também com o início da grande guerra. O diretor Joe Wright, de clássicos como “Orgulho e Preconceito” e “Desejo e Reparação”, filma com maestria e beleza cada segmento. A fotografia de Bruno Delbonnel é um deleite aos olhos e o filme, com bastante diálogo e reflexão, é dinâmico em sua construção narrativa e na maneira como retrata Churchill.

Há algumas omissões na trama que deixam certas explicações vagas. Se Churchill tinha a reprovação do seu próprio partido, o roteiro não explora qual era, de fato, a força política de Churchill antes de chegar ao cargo de Primeiro Ministro. O que o levou até ali? Qual era o seu poder de influência? São detalhes, mas detalhes importantes para mostrar o influente político que Churchill era antes de assumir o grande cargo inglês.

Mas o resultado final de “O Destino de Uma Nação” não é prejudicado. O elenco é uma das forças que faz do filme tão poderoso. Se os coadjuvantes conseguem resultados elevados como Kristin Scott Thomas, Lily James, Ben Mendelsohn, Ronald Pickup e outros, é Gary Oldman como Winston Churchill quem assombra com tamanha naturalidade, vivacidade e entrega ao papel. Mesmo com uma pesada, e incrível maquiagem, Oldman excede com um desempenho voraz e minucioso em cada detalhe do ex-Primeiro Ministro. Já pode separar lugar na estante, porque o Oscar de Melhor Ator deste ano é de Gary Oldman!

“O Destino de Uma Nação”, apesar das pequenas omissões que o fariam mais completo, continua sendo um ótimo filme histórico que reconta os bastidores de um período conturbado da política britânica. Apoiado por uma direção, produção e atuações impecáveis, o longa é uma obra que vale, e muito, a pena ser assistida. Recomendado!

Darkest Hour-REINO UNIDO

Ano: 2017 – Dirigido por: Joe Wright

Elenco: Gary Oldman, Kristin Scott Thomas, Lily James…

Sinopse: Winston Churchill (Gary Oldman) está prestes a encarar um de seus maiores desafios: tomar posse do cargo de Primeiro Mnistro da Grã-Bretanha. Paralelamente, ele começa a costurar um tratado de paz com a Alemanha nazista que pode significar o fim de anos de conflito.

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O Estrangeiro

“O Estrangeiro” é a aquele filme de ação que recicla elementos consagrados do gênero, não traz uma história original ou surpreendente, e se apoia, em toda sua essência – desde roteiro, ação e divulgação – na força do seu astro. A figura em questão é ninguém menos que Jackie Chan, que já faz um tempo que diminuiu o ritmo, mas ora e meia retorna em seu estilo conhecido de bastante esforço físico e humor.

A proposta, portanto, trazida pelo diretor Martin Campbell (“007 – Cassino Royale”, “A Máscara do Zorro”)  com este “O Estrangeiro” é justamente colocar Jackie Chan em posição poucas vezes vista em seu currículo profissional: o de ser um ator dramático. Sem apostar nas gags físicas e caricaturais que sempre foram a marca registrada do astro, o filme coloca Chan como herói de ação angustiado, machucado pela vida e os anos de trabalho. Um sujeito que ao perder a filha em uma explosão, inicia uma busca incansável para descobrir os responsáveis e se vingar pela perda. Tudo com bastante dramaticidade e clima denso.

Reciclar algo nem sempre é ruim. Há reciclagens ótimas que renderam filmes empolgantes como “Busca Implacável”, “John Wick” e tantos outros. Um filme de ação como este que utiliza o peso de seu astro para vender sua narrativa, e que aposta em uma trama rasa, previsível e clichê, o interesse maior é justamente embarcar na volúpia da ação e se divertir. “O Estrangeiro” consegue proporcionar minutos gratificantes. Acompanhar as táticas e estratégias do personagem de Chan proporcionam bons momentos. Chan convence em sua seriedade e ainda possui carisma, e disposição, para fazer ação.

Entretanto, “O Estrangeiro” traz outro problema da grande maioria dos genéricos. Há genéricos que se prezam em criar cenas diferentes, e criativas, de ação. Mas, infelizmente, isto não acontece aqui. Não há nenhum momento memorável ou marcante, e instantes depois mal lembramos de como foi a luta que acabou de acontecer. É um genérico básico que almeja vender um bom passatempo, vende, mas não fica com o público após a sessão. Se esta era a intenção dos realizadores, bem, o resultado, podemos dizer, foi positivo.

“O Estrangeiro” não é uma obra que se destaca na carreira de Chan, mas agrada e não traí sua proposta original.

The Foreigner-CHINA, REINO UNIDO

Ano: 2017 – Dirigido por: Martin Campbell

Elenco: Jackie Chan, Pierce Brosnan. Orla Brady

Sinopse: Quan (Jackie Chan) é dono de um típico restaurantes chinês em Londres, capital da Inglaterra. Após um misterioso ataque de um grupo de terroristas irlandeses ao seu estabelecimento, ele tem sua vida e família devastadas. Sem muito apoio da polícia local, ele vai buscar vingança com suas próprias mãos.